Há cerca de um ano, o designer brasileiro Paulo Grohmann (39) teve uma ideia bastante criativa e sustentável de transformar rolhas de vinho, que poderiam acabar no lixo, em bonecos divertidos e coloridos. O que era apenas um hobby transformou-se em um ofício. Hoje, o designer já possui uma loja virtual www.rolhecos.com.br para comercializar suas criações e é seguido nas redes sociais por pessoas do mundo inteiro que admiram seu trabalho. A inspiração veio do famoso movimento contemporâneo Toy Art (brinquedos com o intuito de colecionismo e decoração). Confira, abaixo, entrevista exclusiva do Blog Vinho Tinto com Paulo Grohmann e saiba mais detalhes sobre esse interessante projeto. Leia também o post que fiz sobre o assunto (clique aqui).
Blog – Como surgiu a ideia dos Rolhecos?
Paulo Grohmann – Foi quase acidental. Sempre incentivei em meus filhos o gosto pelas artes. E num final de semana fizemos bonecos de argila, para depois pintá-los. Mas não gostei do resultado, o boneco ficou disforme e frágil. Queria fazer um robô, e pensando em suas formas geométricas, percebi que tinha dezenas de cilindros à minha disposição, numa gaveta cheia de rolhas. Achadas as cabeças e corpos, faltavam os braços e pernas. Não podiam ser palitos de dente, pois são pontudos e quebram fácil. Foi então que encontrei nos cotonetes o material ideal. Não tem pontas, é resistente, maleável e já vem com as mãos do boneco prontas, é só pintar a ponta de algodão. No início os Rolhecos eram bem magrelos, com pernas e braços compridos. Com o tempo e a prática a fórmula foi evoluindo. Um dia cortei na própria rolha um sorriso e fiz os olhos com alfinetes coloridos. Foi o primeiro Rolheco com características de Toy Art, foi a partir desse design que passei a tratar meus bonecos como marca.
Blog – Em que você se inspirou para criá-los? Qual a influência do movimento americano “toy art” no seu projeto?
Paulo Grohmann – Eu adoro colecionáveis, principalmente robôs, tenho vários na minha estante. A influência dos Toy Arts norte-americanos e europeus em meu trabalho é inegável. Foram eles quem deram forma a essa cultura, com figuras de vinil customizadas. É aí que os Rolhecos se diferenciam de seus primos gringos, pois não há fôrma para criá-los. Cada um sai de um jeito, pois cada rolha é de um jeito. Por mais que eu tente, não consigo fazer dois iguais.
Blog – Quais os materiais utilizados na montagem de um Rolheco? Necessariamente reciclados? Quanto tempo, aproximadamente, você gasta para montar um? Paulo Grohmann – As rolhas são recicladas, mas os cotonetes são novos, eu juro (rsrs). Em diversos modelos uso fios elétricos e cabos coaxiais, também usados. Quando preciso de uma base para o Rolheco, uso tampa de lata de manteiga. Levo de cinco a 30 minutos para montar um Rolheco, depende da forma e da complexidade. Já a pintura e o acabamento podem levar horas, conforme o modelo sendo feito.
Blog – Você é designer autodidata e sempre trabalhou no mercado de publicidade. Como, então, você classifica sua arte? Paulo Grohmann – O estilo é Pop, sem dúvida. Na publicidade sempre tentamos passar a mensagem de maneira clara e objetiva, para que ela seja compreendida pelo maior número de pessoas possível. Esse conceito se estende ao design também. Tento sempre criar meus personagens de maneira minimalista, apenas com os detalhes estritamente necessários. A elegância está na simplicidade. Parece piada, mas é mais fácil ser complicado do que ser simples.
Blog – Todos os Rolhecos são criações próprias ou você se baseia em algum personagem para criar cada um deles? De onde vem a inspiração na hora de criá-los? Paulo Grohmann – Gosto de criar meus próprios personagens, é mais divertido inventar algo original. A inspiração vem da forma de cada rolha e das referências em minha cabeça. Também tenho uma lista, onde anoto o nome dos personagens que pretendo fazer. Blog – E o nome Rolhecos, de onde surgiu? Paulo Grohmann – Boneco de rolha, literalmente. Esse foi um raro caso em que a primeira ideia vingou.
Blog – Os Rolhecos eram um hobby, mas atualmente passaram a ser seu principal ofício. Por que esta decisão? Paulo Grohmann – Busquei bastante na internet por bonecos feitos de rolha, ou com formas parecidas, e não encontrei similares. Depois de muita pesquisa constatei que realmente tinha criado algo original. E nesses tempos em que nada se cria – tudo se copia, ter um produto inédito me convenceu a apostar de corpo e alma nos Rolhecos.
Blog – Você já patenteou a sua ideia? Paulo Grohmann – Sim, já foi pedido o registro do nome e da marca. E para o design dos bonecos foram registrados meus direitos autorais. Atualmente existem pouquíssimos Toy Arts nacionais. Gostaria que os Rolhecos representassem o Brasil neste segmento, de forma original e criativa. Blog – Quem são seus principais clientes? Paulo Grohmann – Os Rolhecos são ótimos como decoração, acrescentam descontração a qualquer ambiente. O público infantil é bastante importante para nós, os kits de pintura têm ótima aceitação pelas crianças. E há também o mercado corporativo, onde os Rolhecos são usados como brinde institucional.
Blog – As pessoas costumam encomendar mais de uma peça? Paulo Grohmann – Geralmente compram um para experimentar, e depois viciam. Blog – O que você leva em consideração para colocar preço na sua arte? Paulo Grohmann – O grande fator é o tempo gasto em cada boneco. Existem os modelos rápidos e baratos e aqueles demorados, portanto mais caros.
Blog – O que significam as redes sociais (Instagram e Facebook) para a divulgação dos seus produtos? Paulo Grohmann – As redes sociais são essenciais para nós, são nossa única mídia. O propósito de se manter um perfil é exatamente estreitar relações com seu público consumidor.
Blog – Os Rolhecos já são conhecidos no exterior? Como foram aceitos? Você já conseguiu vendê-los para o exterior? Paulo GrohmannNosso perfil no Instagram é bastante internacional, praticamente metade dos seguidores são estrangeiros. Atualmente estamos negociando envios para Portugal, Inglaterra e França. Blog – E as rolhas para fabricar os Rolhecos, de onde vem? Você também aceita doação de pessoas físicas? Como essas pessoas deverão proceder? Paulo Grohmann Por questões de transporte, temos captado rolhas apenas na região de Sorocaba e São Paulo. Para doações de outras localidades, é melhor combinar antes pelo fone (15) 3327-1975 ou email: rolhecos@gmail.com.
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