Santorini, uma das ilhas mais emblemáticas do vinho grego, pode enfrentar um futuro sem uvas. Famosa por seus vinhos brancos minerais, em especial os produzidos com a casta Assyrtiko, a ilha está em risco de deixar de produzir vinho até 2042. Um alerta que soa como um chamado à ação — urgente, global e necessário.
O cenário é preocupante. Estima-se que, sem medidas concretas, os vinhedos da ilha desapareçam em menos de 20 anos. Três fatores principais ameaçam essa tradição milenar: o envelhecimento das videiras, a escassez de jovens dispostos a continuar a atividade agrícola e os efeitos cada vez mais severos das mudanças climáticas. As vinhas de Santorini, muitas com 60 a 70 anos, já não produzem como antes. Ao mesmo tempo, o número de agricultores locais diminui — e poucos jovens permanecem na ilha para assumir esse legado.
Além disso, o impacto climático é profundo. A ilha sofre com a falta de chuvas, o aumento das temperaturas e a redução da umidade. Tudo isso coloca as vinhas em situação de estresse extremo. “A situação parece sombria, mas continuamos otimistas e lutaremos pela sobrevivência do nosso vinhedo”, afirmou Petros Vamvakousis, presidente da Associação de Vinicultores de Santorini.
A crise hídrica é o maior desafio. Sem água, não há futuro para as vinhas. Para enfrentar essa realidade, alguns projetos já estão em andamento: uso de águas residuais tratadas para irrigação, tecnologias de captação de umidade atmosférica sem consumo de energia e sistemas para filtrar água salobra. A ciência, unida ao saber tradicional, oferece esperança.
Outro problema crescente é a urbanização descontrolada. A construção de hotéis e residências para turistas avança sobre as terras agrícolas, reduzindo o espaço disponível para o cultivo da videira. Estudos mostram que é possível equilibrar turismo e preservação, mas isso depende de políticas públicas eficazes.
Salvar os vinhedos de Santorini não é apenas preservar um produto — é proteger um patrimônio cultural e histórico do Mediterrâneo. A ilha é um símbolo da viticultura heroica, feita em condições extremas e com técnicas únicas. Sua salvação exige inovação, políticas públicas e, acima de tudo, consciência global.
Já imaginou um mundo sem os preciosos vinhos de Santorini?
Fonte: Greek City Times
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