Um escândalo recente abalou a reputação da tradicional região de Champagne, na França, e expôs brechas no sistema de controle da denominação de origem. O caso envolve Didier Chopin, um produtor conhecido por comercializar champanhes de baixo custo. Durante anos, ele vendeu cerca de 400 mil garrafas por ano com sua própria marca, até que foi acusado de liderar um esquema de falsificação em larga escala.
A denúncia foi feita por uma ex-funcionária, Ludivine Jeanmingin, que percebeu irregularidades nas garrafas e identificou a presença de resíduos incomuns. Após uma investigação, constatou-se que o produto vendido como champanhe era, na verdade, uma mistura de vinhos comuns vindos da Espanha e do sul da França, aos quais eram adicionados aromatizantes, açúcar e gás carbônico. O processo simulava a segunda fermentação típica do champanhe verdadeiro, violando as regras da AOC (Appellation d’Origine Contrôlée), que protege a autenticidade da bebida.
Entre junho de 2022 e maio de 2023, estima-se que cerca de 800 mil garrafas falsas tenham sido produzidas por Chopin, com uma média de 8 mil unidades por dia. O prejuízo causado pela fraude é estimado em vários milhões de euros. Os vinhos usados vinham principalmente da região de Ardèche, no sul da França, e da Espanha.
Quando as denúncias vieram à tona, Chopin fugiu para o Marrocos e tentou abrir uma empresa de vegetais. Acabou sendo preso por fraudes financeiras e extraditado para a França no início de 2025. O Ministério Público francês pediu uma pena de quatro anos de prisão, sendo um em regime fechado, além de multa de 100 mil euros e a proibição definitiva de atuar no setor vitivinícola. A empresa do casal, SAS Chopin, também poderá pagar uma multa de até 300 mil euros.
Além da fraude com os vinhos, Didier Chopin enfrenta acusações de agressão sexual feitas por cinco ex-funcionárias, com ocorrências entre 2018 e 2022. Sua esposa, envolvida na operação da empresa, também responde por participação nas falsificações e pode ser condenada a dois anos de prisão.
O veredito do julgamento principal está marcado para 2 de setembro de 2025. Um segundo julgamento, relacionado a exportações ilegais, está previsto para 3 de fevereiro de 2026. O caso segue sendo acompanhado de perto pelo setor, que alerta para a necessidade de reforço nos sistemas de controle e fiscalização que garantem a autenticidade dos produtos com denominação de origem.
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