O escândalo da Reserva de la Tierra: a maior fraude do vinho na Espanha

Entre 2017 e 2021, a vinícola Reserva de la Tierra, localizada em Les Borges del Camp, na Catalunha, esteve no centro de um dos maiores escândalos de fraude vinícola da história da Espanha. A empresa falsificou a origem de milhões de garrafas, comercializando vinhos de baixa qualidade como se fossem “Gran Reserva” das Denominações de Origem (DOs) Priorat, Montsant, Terra Alta, Tarragona e Catalunya .

O esquema fraudulento

O modus operandi da Reserva de la Tierra envolvia a aquisição de vinhos a granel de diversas regiões da Espanha, especialmente da Mancha, e sua rotulagem fraudulenta com os distintivos de garantia das DOs mencionadas. A empresa utilizava etiquetas falsas e falsificava documentos de certificação para dar a impressão de que os vinhos atendiam aos rigorosos critérios de envelhecimento e qualidade exigidos pelas denominações .

Entre 2019 e 2021, estima-se que o grupo tenha comercializado aproximadamente 40 milhões de garrafas de vinho com etiquetas falsas, gerando um prejuízo de cerca de 25 milhões de euros . As garrafas eram distribuídas em toda a Europa, Estados Unidos, China e até mesmo no Brasil .

A descoberta e as consequências legais

A fraude foi descoberta após investigações iniciadas em 2018, quando os conselhos reguladores das DOs afetadas detectaram irregularidades em rótulos e preços incompatíveis com os padrões das denominações. Em outubro de 2021, a polícia catalã, os Mossos d’Esquadra, realizaram uma operação que resultou na apreensão de mais de 750 mil garrafas e 3,2 milhões de etiquetas falsas .

Seis pessoas foram investigadas por crimes como falsificação, fraude, publicidade enganosa e falsidade documental. Além disso, cinco empresas do grupo Reserva de la Tierra, incluindo Viña Tridado SL, Corporación Vinícola Solitierra SL e Golf Global Wines SL, também foram implicadas no esquema fraudulento .

O impacto no setor e as lições aprendidas

O escândalo teve um impacto significativo na reputação das DOs afetadas, especialmente na Terra Alta, onde as vendas fraudulentas superaram em muito a produção anual da denominação . As autoridades espanholas reforçaram as medidas de controle e rastreabilidade, implementando tecnologias como QR codes nos rótulos para garantir a autenticidade dos vinhos e proteger os consumidores contra fraudes futuras .

Este caso destaca a importância da transparência e da vigilância no setor vinícola, evidenciando como práticas fraudulentas podem comprometer a confiança do consumidor e prejudicar a integridade das denominações de origem.

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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