Portugal nas Alturas

Portugal está vivendo uma nova fase na produção de vinhos, agora marcada pela busca por altitude. Em um cenário de mudanças climáticas e transformações no gosto do consumidor, produtores têm subido a serra em regiões como a Serra da Estrela e o Douro Superior para encontrar condições que favoreçam vinhos mais frescos, elegantes e equilibrados. A influência da altitude se tornou uma aliada importante na construção de identidade e qualidade.

Na Serra da Estrela, as vinhas estão plantadas entre 500 e 800 metros de altitude, em solos graníticos e sob um clima frio, com noites bastante geladas. Esse ambiente favorece o desenvolvimento de uvas com acidez natural mais alta e maturação mais lenta, o que contribui para brancos vibrantes e tintos com estrutura, mas menos alcoólicos. As castas brancas mais comuns são Encruzado, Bical e Malvasia Fina. Já entre as tintas, destacam-se Touriga Nacional, Jaen e Alfrocheiro. O resultado são vinhos com perfil aromático refinado, notas florais, frutas frescas e uma mineralidade marcante.

O Douro Superior, conhecido pelo calor e pelos vinhos potentes, também tem passado por mudanças. Produtores da região têm apostado em vinhas situadas em áreas mais elevadas, chegando a 750 metros de altitude. Mesmo com dias quentes, as noites frias contribuem para preservar a acidez das uvas e dar origem a tintos mais frescos, com taninos sedosos e fruta mais viva. A altitude tem ajudado a equilibrar o perfil dos vinhos, reduzindo o peso alcoólico sem perder complexidade.

Essa mudança de abordagem mostra uma resposta clara às novas exigências do mercado, que valoriza vinhos mais leves, gastronômicos e com expressão do terroir. A altitude oferece justamente isso: frescor, elegância e longevidade. Os vinhos amadurecem de forma mais lenta, o que favorece o desenvolvimento de aromas intensos, maior complexidade e uma acidez que garante vida longa na garrafa.

O movimento tem chamado atenção fora de Portugal. Publicações internacionais vêm destacando os vinhos de altitude portugueses como uma das tendências do momento, elogiando sua pureza de fruta, mineralidade e estilo mais refinado. Com isso, Portugal reforça sua capacidade de inovação dentro da tradição, abrindo novas possibilidades para conquistar mercados e ampliar sua presença no cenário global do vinho.

Leia também: Por que sommeliers amam garrafas gigantes?

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Quem Sou

Sou Etienne Carvalho, jornalista, sommelier formada pela ABSRS e pela FISAR, com qualificação nível 3 WSET. Atualmente, atuo como diretora e professora da ABS-DF e sigo me aprofundando no mundo do vinho como estudante de Enologia. Apaixonada por vinhos, viagens, leitura e escrita, criei este espaço para compartilhar minhas experiências e descobertas com quem, assim como eu, acredita que o conhecimento e a paixão tornam cada taça ainda mais especial.

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