Enquanto o mercado global de vinhos enfrenta uma crise, o Brasil surge como alternativa promissora para produtores internacionais. O consumo interno da bebida segue em alta, com crescimento de 7% no primeiro trimestre de 2025 — após avanço de 10% em 2024 — e previsão de ultrapassar R$ 22 bilhões em receita até o fim do ano.
O alerta sobre o momento delicado do setor foi dado pelo bilionário francês Bernard Arnault, CEO da LVMH (Moët & Chandon), ao destacar a queda de 27% na produção global desde 1979. Entre os fatores que impactam negativamente o setor estão o aumento da preocupação com o consumo de álcool, mudanças nos hábitos das gerações mais jovens, redução nas importações pela China e tensões comerciais globais.
Na contramão desse cenário, o mercado brasileiro vem chamando a atenção de produtores da América Latina, Europa e África do Sul. Segundo executivos ouvidos pela Bloomberg Línea, o país é visto como uma alternativa estratégica para compensar perdas em outros mercados.
A presidente do grupo La Pastina, Juliana La Pastina, afirmou que “existe um interesse internacional maior pelo Brasil”. Segundo ela, desde a pandemia, o mercado externo passou a ver o país como um destino estável e com grande potencial de expansão. A importadora World Wine, que integra o grupo, recebeu 26 produtores estrangeiros apenas nos primeiros meses de 2025, com foco em eventos que fortalecem a presença de seus rótulos no Brasil.
Dados da Ideal BI Consulting reforçam esse movimento: no primeiro trimestre deste ano, as importações de vinhos cresceram 14% em volume e 15% em valor, com destaque para rótulos vindos do Chile, Argentina e Portugal. Entre os destaques estão os vinhos brancos, com crescimento de 28%, e os espumantes, com alta de 10%.
Ao todo, o mercado brasileiro comercializou cerca de 110 milhões de garrafas no período, movimentando R$ 3,9 bilhões. A consultoria projeta que o faturamento do setor ultrapasse R$ 22 bilhões até dezembro.
Além da expansão do consumo, a desvalorização do real e a expectativa pela ratificação do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia também reforçam o interesse internacional.
A World Wine, que comercializou 3 milhões de garrafas em 2024, espera aumentar esse número neste ano, ampliando em até 20% seu faturamento e dobrando o número de visitas de vinícolas estrangeiras ao Brasil. “Os produtores estão felizes e dispostos a investir para crescer aqui. A presença física no país é fundamental para a construção de marca e melhores resultados”, conclui Juliana.
Fonte: Bloomberg Línea
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