Há cerca de um ano estive em Mendoza e publiquei uma série especial aqui no blog sobre a viagem (relembre aqui). Agora, resolvi resumir tudo em dois posts mais curtos para transmitir um pouco da minha experiência. Este é o primeiro deles. Espero que gostem.
Detalhe: tendo em vista a alta do dólar e a dificuldade dos brasileiros em viajarem para locais mais distantes, no Estados Unidos ou na Europa, acredito que Mendoza, na Argentina, possa ser uma excelente opção para aqueles que apreciam visitar lugares encantadores, beber vinhos maravilhosos e saborear pratos inesquecíveis. O melhor: gastando menos…
Oásis no Deserto
Em meio a uma região seca, coberta de plantas rasteiras e rochas castigadas pelo sol, existe um oásis que há centenas de anos enche de frescor os olhos dos visitantes. Bem-Vindo a Mendoza, a mais próspera região produtora de vinhos da Argentina e um importante destino de Enoturismo. Fundada em 1562, a cidade de Mendoza foi construída em uma área onde o solo é fértil aos pés da Cordilheira dos Andes. Por causa da riqueza de seu solo e de um incrível sistema de irrigação, a cidade se tornou um ícone mundial na produção de vinhos de qualidade.
Ao redor do centro da cidade, existem mais de mil vinícolas, responsáveis por 70% da produção argentina de vinhos. Muitas delas estão abertas durante todo o ano e podem ser visitadas com ou sem o auxílio de guias. É possível também almoçar e jantar em locais inesquecíveis, tornando a experiência enogastronômica ainda mais espetacular.
Mais de 1200 Vinícolas:
Para ser mais exata, Mendoza possui 160 mil hectares de vinha e a maior concentração de vinícolas do continente. São mais de 1.200, das quais cerca de 120 podem ser visitadas pelo público. Elas estão localizadas em três distintas regiões vinícolas – Centro, Este e Valle de Uco. Na Região Centro se encontra os conhecidos municípios de Luján de Cuyo e Maipú, onde se concentra grande parte das vinícolas, como as grandes Catena Zapata (Luján de Cuyo) Zuccardi e Trapiche (Maipú).
Nossa Mendoza:
Com tanto lugar para visitar, se você não conhece a região é mais seguro contratar uma agência de viagens especializada no assunto. Quando estive por lá, depois de pesquisar bastante e procurar indicações, contratei os serviços da empresa Nossa Mendoza (inclusive carro com motorista, pois a sinalização por lá não é muito boa e as vinícolas ficam longe do Centro, além de distantes umas das outras, de modo geral).
Uma curiosidade sobre a empresa é que ela é formada por uma equipe jovem de argentinos, amantes do Brasil e da cachaça brasileira, todos licenciados em Turismo, com experiência de mais de 10 anos na área e falantes da Línga Portuguesa.
Com a ajuda deles, o meu tour ficou muito mais completo e inesquecível, além disso, pude aproveitar melhor meu tempo durante a semana que lá estive visitando adegas e restaurantes especiais.
Luján de Cuyo:
É a terra do Malbec, uma região que fica entre 900 e 1.100 metros de altitude aos pés dos Andes. O clima e o solo da região, dá ao local a fama de ser uma área produtora de vinhos potentes e com boa concentração de cor e frutas.
Muitos vinhos dali se destacam pela complexidade aromática, inclusive com matizes florais e herbáceos. Por conta da significativa adaptação da casta francesa Malbec ao local (mais até do que no seu próprio habitat natural em Cahors na França), Luján de Cuyo passou a ser conhecida como a “Terra do Malbec”.
Para facilitar o acesso dos turistas às vinícolas, o governo dividiu Luján de Cuyo em quatro circuitos: La Historia, El Río, Cordón del Plata e El Sol – segundo sua história, localização geográfica e entorno natural, respectivamente.
Em Luján de Cuyo estão concentradas 40% das bodegas (vinícolas) argentinas abertas à visitação, dentre elas, as “queridas” entre os brasileiros Catena Zapata, Alta Vista, Chandon, Norton e Luigi Bosca.
Em Luján de Cuyo também está localizada a importante vinícola Ruca Malen. Essa imponente e moderna vinícola tem capacidade para produzir 1 milhão e duzentos mil litros de vinho por ano. Foi fundada em 1998 por experientes empresários da área vitivinícola,Jean-Pierre Thibaud (ex-presidente da Chandon Argentina) e Jacques Louis de Montalambert (de família tradicional da Borgonha).
Quando estive por lá, aconselhada Agência Nossa Mendoza, visitei o local na hora do almoço para poder conhecer e degustar o inesquecível menu harmonizado do restaurante de lá, que foi o ganhador da medalha de ouro do reconhecido prêmio “Global Best of Wine Tourism”, e ficou internacionalmente conhecido como o melhor restaurante em vinícola do mundo.
No local, os almoços são realizados diariamente sempre às 12h30min e às 13h e para conseguir uma vaga é necessário fazer reserva antecipada no site da vinícola ou com o pessoal da Nossa Mendoza, caso você opte em contratar os serviços deles.
Maipú:
Maipú é um pequeno município que também integra a região vitivinícola Central de Mendoza. É conhecida como “primeira zona” dos vinhos argentinos pelo prestígio que alcançaram alguns rótulos produzidos na região. Essa é uma área cujos vinhedos se encontram a uma altitude menor (600 a 760m) e onde é possível encontrar muitas vinhas velhas que produzem vinhos intensos e aromáticos. O local, de modo geral, é dominado por grandes e antigas bodegas (vinícolas), como Familia Zuccardi, Finca Flichman, La Rural (Rutini) e Trapiche.
Meu destaque vai para a incrível bodega(vinícola) Zuccardi, reconhecida mundialmente e que está diretamente relacionada à história da viticultura no Maipú.
A bodega foi fundada em 1963 pelo engenheiro Alberto Zuccardi, um visionário que por meio de um sistema experimental de irrigação provou que as terras da região, até então consideradas improdutivas, seriam capazes de produzir vinhos de destaque. O local recebe turistas para visitas e degustações de segunda a sábado de 9h às 17h30 e domingos de 10 às 16h.
Ao visitar a Zuccardi percebi que a tendência para elaborar vinhos premium menos amadeirados também já chegou por lá. A vinícola, inclusive, vem diminuindo consideravelmente o uso de barricas de carvalho em seus vinhos de primeira linha e fazendo uso de modernas tecnologias de forma a expressarem verdadeiramente a identidade da uva utilizada.
Depois das visita, almocei na própria vinícola Zuccardi, na Casa del Visitante, um restaurante bem aconchegante, que serve dois tipos de menu: o degustação, com nove passos que variam de acordo com a estação e o tradicional argentino – que inclui entrada, saladas da estação, verduras grelhadas, carne assada na brasa (o famoso “asado”) e a sobremesa.
Optei pelo tradicional, pois queria experimentar o “churrasco argentino”. Embora muito mais simples do que o menu degustação, a opção é saborosa e farta, pois é uma espécie de rodízio de carnes. Não me arrependi. Com ótima relação qualidade x preço, um asado argentino é sempre uma excelente pedida para brasileiros!
Ainda há muito o que conhecer sobre Mendoza! Na próxima parte deste post continuaremos a descrever as incríveis experiência que essa região proporciona a todos que são amantes de bons vinhos e da alta gastronomia. Acompanhe!