História dos Supertoscanos

O vinho supertoscano tem seu surgimento no fim da década de 60 e início de 70 e foi um fruto decorrente da insatisfação de alguns produtores italianos com as rígidas normas das Denominações de Origem Controlada (DOC) e Denominações de Origem Controlada e Garantida (DOCG) da Toscana para vinhos, que exigiam 100% o uso da uva Sangiovese (autóctone italiana) e padrões de envelhecimentos específicos.


Por não aderirem às normas produtivas da região e mesclarem uvas de origem francesa ao estilo Bordeaux (como a Cabernet Sauvignon e a Cabernet Franc, por exemplo) os supertoscanos acabaram sendo conhecidos como “vinhos fora da lei” da Toscana e, por isso, foram durante muito tempo ignorados na Itália. Em meados da década de 80, o mundo decidiu reconhecê-los e o termo “Supertuscan” foi inicialmente usado pelo jornalista inglês e “master of wine” Nicholas Belfrage.


Em 1992 foi criada a Indicazione Geografica Tipica (IGT), classificação menos restritiva que abarcou esses vinhos “fora da lei” e até hoje a maioria dos supertoscanos usam a designação IGT. No entanto, em 1994 o governo italiano se rendeu às inovações toscanas e criou uma Denominação de Origem Controlada Bolgheri, específica para essa região italiana. No local são plantadas Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Syrah e Sangiovese (para tintos) e Sauvignon Blanc e Vermentino (para branco), que podem ser misturadas no corte. Pouco tempo depois surgiu a DOC Sassicaia Bolgheri, ainda mais específica – um reconhecimento à qualidade do vinho Sassicaia.


Os supertoscanos tendem a ser imponentes e ricos – e muitas vezes têm um preço muito alto, mais de 100 euros ou mais. Existem supertoscanos brancos ainda novos no mercado.

Sassicaia

Mario Incisa della Roccheta, da Tenuta San Guido, sonhou em produzir um grande vinho tinto, e sua referência eram os Grands Crus de Bordeaux. Começou, então, a fazer experimentos com uvas bordalesas. Com a ajuda do revolucionário enólogo Giacomo Tachis, nasceu o Sassicaia, um dos maiores vinhos italianos, o primeiro Super Toscano, produzido a partir da uva Cabernet Sauvignon, que fugia da tradição da Toscana e do Piemonte com as uvas Sangiovese e Nebbiolo, respectivamente.

A decisão se deveu ao fato de Roccheta ter percebido semelhança entre o terroir da Toscana e o de Graves em Bordeaux. Ambas com terrenos rochosos que dão características especiais ao vinho. O resultado foi extraordinário e nos anos seguintes, a experiência do Sassicaia foi seguida por outros vinhos que também alcançaram a fama como o Solaia, Tignanelo e Ornellaia. Com o aumento da procura, a fama do Sassicaia percorreu o mundo inteiro e em 2004 a vinícola Tenuta San Guido se tornou parte do prestigiado Primum Familiae Vini, um seleto grupo de famílias tradicionais de vitivinicultores, criado para a troca de experiências do setor.

Conclusão

A inovação do supertoscano Sassicaia é uma prova de que bons vinhos são produzidos por pessoas e ideias e não somente uvas. Vem mostrar que a modernização traz benefícios para os produtores, fazendo com que os vinhos alcancem novos patamares e sejam reconhecidos mundialmente por sua
excelência.

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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