Conhece “vinho de talha” do Alentejo?

Quem viaja ao Alentejo, a maior região de Portugal, situada ao sul de Lisboa, pode ver de perto inúmeros vestígios da época em que o Império Romano ocupou a área. Este povo deixou suas marcas na cultura e tradição locais, e prova disso é o vinho de talha.

Talhas-adega-dos-lagares
Talhas – Adega dos Lagares

Vinho de Talha – bebida milenar

Conhecido por seu paladar encorpado e intenso, o vinho de talha é uma bebida produzida seguindo conhecimentos milenares, passados de geração em geração sem sofrer quase nenhuma modificação com o tempo.

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Talha – o grande vaso de barro

Há várias maneiras de produzir o vinho de talha, mas o elemento mais importante e que é comum a todas elas é o uso da talha: grande vaso de barro que pode chegar a dois metros de altura(!!!!), como recipiente para a fermentação. Além disso, em geral os vinhos tintos e brancos são produzidos da mesma maneira – há até mesmo um tipo de vinho de talha que mistura uvas brancas e tintas, conhecido como “petroleiro”.

Talhas - Herdade do Esporão
Talhas – Herdade do Esporão

Produção Natural

Todo o processo de produção é o mais natural possível. As uvas são colhidas, separadas dos galhos e amassadas, e então são colocadas diretamente nas talhas. Dentro do recipiente, a fermentação começa de maneira espontânea, enquanto outro movimento acontece: a separação das películas das uvas, que sobem naturalmente para a superfície do líquido.

Para intensificar a cor, o aroma e o sabor do vinho, estas películas, que formam uma cobertura firme, são quebradas e afundadas novamente no líquido, até que, enfim, depositem-se no fundo da talha. Este é o sinal que os produtores do Alentejo esperam, que mostra que a fermentação chegou ao fim.

Ambiente da Casa do Terreiro do Poço
Ambiente da Casa do Terreiro do Poço

A retirada do vinho de dentro da talha também é parte importante do método: uma torneira posicionada na parte de baixo do recipiente permite não apenas que o líquido seja passado para as garrafas, mas que ele seja filtrado pelo bagaço que estava no fundo, formado pelas películas, sementes e outras partes sólidas da uva.

O resultado é um vinho cheio de personalidade, com sabor que pode variar de acordo com as castas de uvas utilizadas e outras técnicas da vinícola, embora seja possível dizer que a bebida será sempre única e inesquecível. Legal, né?

Fotos por: Victor Carvalho

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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