Você já parou para pensar a razão pela qual os vinhos possuem sabores e aromas distintos, mesmo quando são da mesma uva e da mesma safra? O grande responsável por isso é o terroir (pronuncia-se terroar), uma palavra bastante falada e ouvida no mundo do vinho e que traduz uma ideia extremamente complexa de que o estilo de um vinho é o reflexo de sua origem. É, por isso, por exemplo que no Velho Mundo (relembre aqui) mantém-se a tradição de indicar nos rótulos o local onde as uvas são produzidas e não o nome das suas castas.
O enólogo chileno Patricio Tapia tem uma explicação muito legal para a palavra terroir – segundo ele, é um termo cunhado na França e que faz referência ao caráter do vinho ligado ao lugar onde crescem suas uvas. Para ele, clima, solo, topografia e seres humanos são os principais agentes no terroir. Isso explica porque a mesma casta (tipo) de uva pode produzir vinhos muito diferentes, dependendo da região em que é cultivada. Uvas de locais mais ensolarados, por exemplo, amadurecem e perdem a acidez mais rapidamente do que o mesmo tipo de uva produzido em locais frios; vinhas cultivadas em altitudes mais altas também são responsáveis pela produção de uvas mais adstringentes do que aquelas cultivadas em baixas altitudes.
Enfim, solo, clima, altitude, ventos, drenagem, incidência solar – toda essa influência geográfica e climática está atrelada ao conceito de terroir. O trabalho que o produtor realiza imprimindo ao vinho características, personalidade e tradição também integra o conceito.
Entendeu, agora, porque os vinhos podem apresentar cores, aromas e sabores tão diferenciados mesmo sendo provenientes da mesma casta e até do mesmo país? O barato de apreciar o vinho é justamente este – saber que cada garrafa (de terroirs distintos, claro!) vai revelar uma bebida diferente. Saúde!!!