A Vinhos de Portugal 2021 marcou o retorno dos bons eventos de vinho a Brasília. Ávidos por novidades, cerca de 130 pessoas visitaram a feira que foi realizada no Hotel Windsor (O número poderia ter sido bem maior, mas por conta da pandemia foi limitado). Como nos outros anos, a masterclass sobre vinhos portugueses foi um atrativo. No entanto, as vagas foram restritas e muita gente interessada ficou de fora – eu, inclusive (uma pena!). Tomara que no próximo ano eles ampliem o número de inscrições.
Em função de outros compromissos, não pude ficar muito tempo no evento (infelizmente!), de forma que degustei muito menos vinhos do que gostaria. Mas foi muito bom para matar a saudade de amigos sommeliers e enófilos que não via presencialmente há tempos.
Com relação aos rótulos – havia muita coisa boa. Podemos dizer que uma certa homogeneidade na qualidade dos vinhos. Ao todo, ficaram disponíveis para degustação algo em torno de 150, provenientes dos mais variados terroirs portugueses. Dentre os que degustei, alguns me chamaram a atenção e vou destacar aqui pra vocês: .
Vinho Branco Régia Colheita
Elaborado com Antão Vaz e Arinto esse vinho do Alentejo tem aromas de frutas brancas de caroço e cítricas e uma leve nota láctea. Na boca é untuoso, com ótima acidez e boa concentração de frutas. É fermentado em barricas de carvalho e fica em contato com as borras durante semanas – algo que lhe confere um bom corpo aliado a uma incrível untuosiade, complexidade e persistência. Feito pela Carmim, custa menos de R$100,00, mas pode ser confundido às cegas com muitos dos grandes vinhos portugueses. Faça o teste!!! É trazido para o Brasil pela Porto a Porto.
Vinho Pé de Mãe Herdade
Vinhaço português feito de Trincadeira (90%), Aragonêz (5%) e Castelão (5%) no Alentejo. Estagia 18 meses em tonéis de carvalho. ‘Pé de Mãe’ é o nome dado às videiras selecionadas para reprodução vegetativa, “não só pela qualidade do seu fruto mas também pela sua boa adaptação a um determinado terroir e pela sua resistência a doenças”, informa o produtor. É um vinho bastante elegante, com taninos domados e de sabor intenso e persistente muito que merece ser apreciado lentamente. Tem corpo médio menos e um sabor estimulante de frutas negras e vermelhas com notas de cedro e especiairias. Preço médio: R$550. É trazido para o Brasil pela Cantu Importadora. Tem produção limitada de 4.000 garrafas.
Vinho Malhadinha
Um vinho que causou bastante burburinho na feira foi o Malhadinha tinta, um produto diferenciado produzido pela família Soares no coração do Baixo Alentejo de forma orgânica e com a menor intervenção possível. Esse vinho é um blend de Alicante Bouschet, Aragonês, Cabernet Sauvignon, Syrah, Touriga Nacional provenientes de solos xistosos. Um vinho que exibe grande complexibilidade aromática, é bem redondo em boca e mostra muita estrutura, taninos macios e um grande frescor. Final de boca muito longo e com bom potencial de guarda. Ele vinho é trazido para o Brasil pela Importadora Barrinhas. Preço médio R$800,00.
Aqui vale um parênteses: apesar de ter gostado muito dos vinhos da Herdade Malhadinha, não posso deixar de registrar a empáfia do demonstrador do produto no stand da Importadora Barrinhas, do RJ. Com seu bottom verde de WSet 3 (igual ao que eu tenho guardado em algum lugar de uma das minhas gavetas),mal olhava no rosto das pessoas e respondia as dúvidas de forma lacônica e soberba – pelo menos, foi assim comigo. Lamentável!
Outros Destaques
Antes de escrever esse texto, tive o cuidado de conversar com algumas pessoas que estiveram na feira também e vou destacar dois pontos aqui quase unânimes nos depoimentos que colhi.
Quinta dos Avidagos
Novidade que se destacou no evento com seus vinhos de excelente qualidade e que foram notados por muitos que participaram do evento. Apesar da qualidade, esses vinhos ainda não possuem importador no Brasil, infelizmente. Acredito que essa realidade será modificada em pouco tempo – pelo menos vi alguns importadores rondando o stand e conversando com o produtor Pedro Tamagnini. De toda forma, vale ressaltar, que não são vinhos baratos e giram em torno de 15 e 48 euros. Ah! destaque especial para o Quinta dos Avidagos Premium do Douro – 100% vinhas velhas do Douro com mais de 75 anos.
Fundação Eugenio Almeida
Muito famosa mundialmente, teve o stand bastante visitado pelas pessoas que passaram pela feira. No entanto, decepcionou por não disponibilizar para degustação seus vinhos mais cobiçados. Infelizmente, nada de Scala Coeli e muito menos Pêra Manca branco ou tinto. Quem passou por lá teve de se contentar em degustar o Cartuxa. Quem sabe no próximo ano, né? Vamos aguardar! 🙁
Leia também: XVI Edição da Vinum Brasilis. Não perca!