Dia desses publiquei aqui no blog uma matéria sobre um evento de vinhos que ia acontecer em Pirenópolis (Goiás) de 14 a 16 de agosto (relembre aqui). Queria muito ter ido, mas tive outros compromissos e não foi possível comparecer ao evento. Pedi então a um grande apreciador e estudioso de vinhos que iria participar do encontro – o Moacir Mustefaga (foto) – que, a título de colaboração, fizesse um relato detalhado e exclusivo para eu divulgar aqui no Blog. Com muita presteza, ele atendeu o meu pedido.
Confira, abaixo, o texto que o Moacir preparou carinhosamente pra todos nós. Veja as impressões que ele teve dos vinhos degustados e algumas fotos que ele tirou do evento. Aproveito para agradecer a boa vontade do nosso colaborador e reafirmar que confio muito em suas avaliações e percepções. “Pirenópolis foi palco do 15º encontro do Fórum Enológico da Academia do Vinho, evento denominado VAM – Vamos à Montanha, em alusão aos primeiros encontros acontecidos nas montanhas de Minas Gerais. O evento foi marcado por degustações, almoços e jantares harmonizados. As degustações em número de quatro aconteceram com os seguintes temas: Vinhos do MOVI – Movimento dos Vinhateiros Independentes do Chile, Vinhos “de bagagem” da Alsácia, Vinhos do Duero/Douro e Vinhos “locais” da Pireneus Vinhos.
A primeira das degustações foi a dos vinhos do MOVI – associação chilena de pequenos produtores que prezam por fazer vinhos fora dos padrões comerciais utilizando técnicas por vezes artesanais e respeitando o caráter das uvas e terroirs. Foram apresentados nove vinhos, dentre os quais seis foram os varietais Tunquen Pinor Noir 2011, Tunquen Cabernet Franc 2011, Meli 2012 e Garage 2011 – ambos da uva Carignan – e Starry Night e Polkura, da uva Syrah, além dos “blends” Villard Equis, Rukumilla e Erasmo. Ao final, em votação dentre os presentes, venceu o Villard Equis 2005, corte de Cabernet Sauvignon e Merlot, bastante equilibrado com taninos bastante suavizados pelos seus nove anos de vida.
A segunda degustação teve como tema os nobres vinhos da Alsácia, região leste da França na fronteira com a Alemanha. Foram degustados vinhos sem importadores no Brasil e trazidos literalmente na bagagem. Os vinhos, no total de seis, foram feitos com uvas brancas majoritariamente das castas Muscat, Riesling e Gewurztraminer, características da região. Nesta degustação, não houve com clareza um vencedor, mas, em minha opinião, o Pierre Frick Gewurztraminer de colheita tardia se destacou por ser um vinho com bastante açúcar residual e aromas de caramelo, castanhas e frutas secas e muito complexo.
O tema da terceira degustação foi o clássico Duero X Douro, estas duas regiões vinícolas respectivamente de Espanha e Portugal que compartilham este rio que nasce no primeiro e deságua no Oceano Atlântico após cortar Portugal de Leste a Oeste, foram muito bem representadas por alguns de seus melhores vinhos. Por Portugal os “contendores” eram Quinta da Gaivosa 2008, Quinta da Gaivosa – Vinha de Lordelo 2007 e Quinta dos Frades Vinhas Velhas 2009. Já do lado da Espanha apresentaram-se Prado Rey Elite 2005, Arzuaga Reserva 2009 e Tierras de Cair Reserva 2009, mais uma vez a disputa foi acirrada tendo sido escolhido pela maioria o português Quinta da Gaivosa – Vinha de Lordelo 2007. Em minha opinião, houve um empate entre o escolhido pela maioria e o espanhol Arzuaga Reserva 2009. O fato é que nesta degustação nenhum dos vinhos desapontou e não houve grandes diferenças nas votações. Todos os vinhos apresentados obtiveram ótimas avaliações.
Não participei da quarta avaliação por já conhecer bem os bons vinhos da vinícola Pireneus. Produzidos a partir das castas Barbera e Syrah são vinhos pioneiros de uma região totalmente inexplorada pela viticultura e que valem serem degustados além da qualidade pelo inusitado local de sua produção, em pleno planalto central.
Além das degustações houve o momento de congraçamento entre os participantes representado pelo jantar denominado TSV – Traga Seu Vinho, onde cada pessoa ou casal levava seu vinho e o apresentava aos demais presentes e, em seguida, deixava-o em uma grande mesa para ser degustado. Experiência muito boa foi poder escolher entre aproximadamente 30 vinhos dos mais variados estilos.”