Sexta, dia 08 de abril, foi dia de reunião da Confraria Franciscana, da qual faço parte. Degustamos cinco vinhos tintos produzidos pelo respeitado enólogo português António Saramago, profissional que conta com mais de 50 anos de experiência em vitivinicultura. Tudo estaria dentro da normalidade se não fosse o fato de a degustação ter sido conduzida pelo próprio Saramago que, em visita a Brasília, aceitou o convite dos confrades Marcos Rachelle (Videira Vinhos) e Giulianna Ansiliero (Dom Francisco 402Sul) para participar da nossa reunião mensal. Sem dúvida, um momento histórico da Confraria, que aconteceu no Dom Francisco da 402 Sul, e contou também com a presença de alguns convidados.
Saramago considerou que mesmo diante do cenário econômico brasileiro, dos altos impostos e, consequentemente, da “prática de preços absurdos no Brasil”, o vinho português ainda tem se mostrado a melhor alternativa para quem procura aliar preço e qualidade.
Ilógico 2014
Para ratificar o que disse, iniciou a degustação servindo o Ilógico. Vinho simples, elaborado a partir das uvas Trincadeira e Aragonêz, colhidas no Alentejo, que segundo ele é o “Novo Mundo de Portugal”, por produzir vinhos fáceis de beber. Para mim, particularmente, o Ilógico representa isso mesmo, por ser leve, frutado (com alguns traços minerais), de média intensidade e muito fácil de agradar. É vendido no Brasil por R$70 em média. A Vinissimo Importadora é a responsável por trazer os vinhos de Saramago para o Brasil.
Risco 2013
Na sequência, degustamos o Risco 2013, feito na região da Península de Setúbal, 100% com a sensível uva Castelão. Um vinho fresco, bem equilibrado com boa persistência. Apresentou muitas frutas vermelhas tanto no nariz como na boca. A esposa de António Saramago, que estava ao meu lado na degustação, me confidenciou que havia sido esse o vinho escolhido pelo casal para acompanhar o almoço do dia o delicioso bacalhau preparado pelo Chef Francisco Ansiliero, no Dom Francisco da Asbac. Nas lojas é possível encontrá-lo a R$90.
António Saramago Winemaker 2013
cor rubi e com reflexos violáceos, o terceiro vinho da degustação, o António Saramago Winemaker 2013, também da Península de Setúbal, me agradou muitíssimo. Para mim, foi o melhor. Feito também com 100% com a Castelão, mas amadurecido em barricas, se mostrou mais complexo que o anterior e deu um salto no quesito qualidade. Uma mistura expressiva de groselhas, toques terrosos, violetas e especiarias. Bem concentrado e persistente, mas sem perder a elegância. Meu favorito. Preço médio no Brasil R$153. Vale a compra!
Risco Reserva 2013
O quarto vinho degustado foi o Risco Reserva 2013, também da Península de Setúbal. Este, um corte de Alicant Bouschet, Castelão, Cabernet Sauvignon e Trincadeira. Para mim: explosão de frutas maduras com leves toques tostados. Taninos macios e persistência média. No Brasil, infelizmente, é vendido a R$140. Acho que poderia ser mais barato pela ausência de complexidade. Persistência média.
António Saramago Reserva 2009
Para encerrar a degustação com chave de ouro, foi servido o ícone António Saramago Reserva 2009. O que dizer desse vinho? Sem dúvidas, excelente. Complexo, bem estruturado, com taninos macios e acidez ajustada. Equilibrado e expressivo ao mesmo tempo. Amadureceu 14 meses em barricas de carvalho francês e americana. Para quem gosta de vinhos com um certo adocicado no final, ele é perfeito. Acredito que seja decorrente das frutas vermelhas um pouco maduras, mas bem expressivas, misturadas com os toques de baunilha da barrica americana. Persistência longa. Custa R$230 aqui no Brasil.
António Saramago – Formado pela Universidade de Bordeaux, com cinquenta anos de atuação na vitivinicultura de Portugal, Saramago é um famoso enólogo português que em seu portfolio tem, entre muitos projetos, os celebrados Tapada de Coelheiros. É também um dos responsáveis pela renovação dos vinhos do Alentejo, apontado como um dos maiores conhecedores da Moscatel de Setúbal, com a qual se elabora o emblemático vinho fortificado da Península de Setúbal, e é também conhecido como o “Mestre da Castelão”, uma das mais conhecidas e nobres uvas tintas portuguesas. Em Portugal, António Saramago produz nas regiões da Península de Setúbal e do Alentejo. Também atua como consultor de várias vinícolas, como a Villagio Grando aqui no Brasil.
Fotos
Confira aqui mais fotos do evento.