O dia 11 de dezembro de 2020 foi histórico para a vitivinicultura brasileira, especialmente para as vinícolas associadas à Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira (Asprovinho). Nessa data, durante uma reunião virtual, a equipe técnica responsável pelo Projeto de Pesquisa “Estruturação, qualificação e consolidação de Indicações Geográficas brasileiras de vinhos” fez a apresentação e a entrega formal de toda a documentação técnica para que a Associação possa entrar, em nome dos produtores da região, com o pedido de registro da Denominação de Origem de Espumante Natural Altos de Pinto Bandeira, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
A apresentação e a entrega virtual foi realizada pelo pesquisador Jorge Tonietto, da Embrapa Uva e Vinho, que desde 2016 coordena o projeto de pesquisa para estruturar a primeira Denominação de Origem brasileira exclusiva para Espumante Natural. Tonietto reforça que todo o trabalho prévio realizado na Indicação de Procedência da região foi importante e evoluiu para a qualificação de produtos, como os da Denominação de Origem (DO).”Os produtos da DO expressam tipicidade associada à região de produção, incluindo clima e solo, técnicas de produção vitícola, favorecida pela alta especialização da região na elaboração dos espumantes”, complementou o pesquisador.
Entenda o que é uma Denominação de Origem
Detalhes sobre a Denominação de Origem de Espumante
– Segundo as avaliações sensoriais que integraram o projeto, os espumantes da futura Denominação de Origem apresentam aromas finos e elegantes, de frutas com a presença de levedura. Segundo os especialistas, eles podem ser divididos em dois estilos: os mais frescos e os maturados.
– Os espumantes são elaborados exclusivamente pelo método tradicional, no qual a segunda fermentação ocorre na garrafa, permanecendo pelo menos 12 meses em contato com as leveduras, o que resulta em produtos com fineza e complexidade.
– São quatro as vinícolas da Asprovinho à frente da campanha pela DO: Don Giovanni, Cooperativa Vinícola Aurora, Valmarino e Cave Geisse, sendo que novos produtores poderão também elaborar espumantes característicos da DO.
– Irão receber o selo da DO apenas os espumantes cujas uvas sejam produzidas na região delimitada, com as variedades Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico sendo que as técnicas de elaboração são refinadas para um produto diferenciado;
– Assim que for concedido pelo INPI, os consumidores poderão identificar no rótulo os produtos que são da DO, sendo que as garrafas terão no contra rótulo o símbolo e o número de controle da DO.
– Espera-se que, com a DO, a região atraia novos investidores e que beneficie também os viticultores da região, ampliando o renome desta região para um produto que já é ícone na Serra Gaúcha.
Hoje, o Brasil possui seis regiões vinícolas de vinhos finos com indicação geográfica (IG) reconhecida pelo INPI, sendo cinco Indicações de Procedência (IP) – Altos Montes, Monte Belo, Pinto Bandeira, Farroupilha e Campanha Gaúcha, e uma com Denominação de Origem (DO) – Vale dos Vinhedos. Todas elas foram apoiadas tecnicamente sob a coordenação da Embrapa Uva e Vinho, reunindo profissionais da Embrapa (Clima Temperado e Uva e Vinho), Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Fonte: Embrapa