Enoturismo no Uruguai: fiz e amei. Confira as dicas!

uruwine Passei seis dias maravilhosos em Montevidéu, no Uruguai. Fui para fazer enoturismo e recomendo demais a experiência. Foram tantas vinícolas, vinhos, degustações, em menos de uma semana, que este vai ser apenas um dos vários posts que vou escrever sobre essa viagem. A ideia deste primeiro foi  abordar um pouquinho de tudo. Acabei me empolgando e ele ficou um pouco grande (rsrsrs), mas pelo menos está repleto de dicas para enófilos que quiserem curtir um feriado prolongado ou alguns dias de férias por lá. Espero que gostem! 🙂

Montevidéu

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Montevidéu: cidade aconchegante e tranquila.

A capital do Uruguai é uma cidade bem aconchegante. É um local perfeito para uma viagem curta. Com pouco mais de 1,6 milhões de habitantes (metade da população total do país), chama atenção por sua tranquilidade, limpeza e pela boa educação do seu povo. Punta Carretas e Pocitos são bairros bastante atrativos por estarem localizados perto da orla do Rio da Prata, de shoppings e de bons restaurantes.

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Pausa para uma foto em Pocitos durante uma caminhada no bairro tranquilo.

Há ainda o Casco Antiguo, conhecido por alguns como Ciudad Vieja, que é um bairro que está sendo revitalizado e atrai muitos turistas amantes da história, cultura e da tradicional gastronomia uruguaia. Além de clássicos edifícios é possível encontrar diversos “restaurantes a las brasas”, como o famoso El Palenque, situado no Mercado do Porto.

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O tradicional restaurante El Palenque fica no Mercado do Porto. Os brasileiros adoram.

Hospedagem

Em Montevidéu existem vários hotéis interessantes. Eu me hospedei no My Suites Boutique Hotel e gostei muito. É um padrão executivo, mas com com quartos gigantes: 40m2!!! Ele fica em Pocitos, portanto, bem localizado. Além disso, é perfeito para enófilos, pois é o único temático de vinho do Uruguai. No térreo, funciona um winebar confortável que oferece vinhos de prestigiadas vinícolas locais: Marichal, Castillo Viejo, Irurtia, Giménez Méndez, Grupo Traversa, Pizzorno, Los Cerros de San Juan, H. Stagnari y Viña Varela Zarranz. E o melhor: De terça a sábado, das 20h às 21h, promove degustações de vinhos gratuitas para seus hóspedes.

Região Vitivinícola

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My Suites: Boutique Hotel com quartos de 40m2 e Wine Bar. Quer mais?

O Uruguai está situado no hemisfério sul, entre os paralelos 30 e 35 como outros excelentes países produtores de vinho: Chile, Argentina, África do Sul e Austrália. É o único país da América do Sul que possui um clima Atlântico, com elevada precipitação e umidade, dispensando a irrigação das videiras. Suas principais regiões vitivinícolas são comparadas à Bordeaux e Nova Zelândia, pela influências marítimas similares.

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Uruguai: principais regiões vitivinícolas são comparadas à Bordeaux por conta das características climáticas

Uma dessas regiões é Canelones, que concentra 62% da produção total de vinhos uruguaios e está situada a apenas 52km de Montevidéu. É ali também que está grande parte das vinícolas (ou bodegas como são chamadas por lá) que abrem suas portas para receberem os turistas.

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Eu durante visita à bela vinícola Juanicó, situada em Canelones, cerca de 40 minutos de Montevidéu

Passeios

Para fazer as visitas, degustações e almoços nas vinícolas, pode-se contratar uma agência de turismo ou entrar em contato diretamente com as bodegas e seguir viagem em um carro alugado. Há dois importantes fatores que devem ser levados em consideração, caso a última opção prevaleça: um deles é que, apesar de Canelones ficar próximo a Montevidéu, a estrada ainda é mal sinalizada e existem muitos trechos sem asfalto dependendo do local a ser visitado; o outro, é que no Uruguai a tolerância é literalmente zero para quem for pego dirigindo bêbado. Então, se não tiver um “amigo da vez”, é bom reavaliar a escolha.

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Visitando os vinhedos da vinícola Bouza e observando as vinhas recém-podadas

Contei com o apoio da Senderos del Tannat durante a viagem. A agência é a única em Montevidéu exclusiva em enoturismo. Meu contato foi diretamente com o Cristian Safie, dono da empresa. Ele elaborou um roteiro de três dias, contemplando visitas a sete vinícolas de estilos bem diferenciados com degustações e/ou almoços (Pizzorno, Juanicó, Marichal, Artesana, Bouza, Spinoglio, Casa Grande, Vinedo de Los Vientos).

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Carla Fallabrino e Analía Lazaneo da Vinícola Artesana, Cristian Safie da Senderos del Tannat, eu e Alejandro Marichal, da Vinícola Marichal

O ritmo foi bem intenso, confesso, mas a ideia era mesmo aproveitar a curta estada para conhecer o máximo de bodegas, produtores e vinhos. A Senderos del Tannat programou tudo. Eles são profissionais respeitados na área e estão acostumados a organizar tours de acordo com a necessidade e perfil do cliente/turista. A agência também oferece passeios em grupos ou privados (vale uma visita no site para conferir) e os preços variam de acordo com a complexidade/duração desses tours.  Outro fator relevante é que a Senderos mantém uma ótima rede de contatos em restaurantes, bares e lojas que oferecem descontos reais (!!!) para turistas brasileiros. Gostei muito do apoio que recebi da empresa, especialmente do Cristian, e percebi muito comprometimento e dedicação de todos os motoristas da agência que conheci. Só tenho mesmo a agradecer e recomendar o trabalho da Senderos del Tannat!

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Cristian Safie e Rosmari Perazza (Senderos del Tannat), eu entre o simpático casal Pablo e Mariana, donos da vinícola Vinedo de los Viento

Sobre as Vinícolas

De modo geral, as bodegas uruguaias não têm sedes grandes nem tampouco são suntuosas, mas possuem uma característica, que para mim, é um grande diferencial: oferecem, em sua maioria, visitas guiadas por seus próprios donos. São os proprietários que recebem os turistas, contam a história da propriedade, ensinam técnicas de manejo no vinhedo….

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de elaboração do vinho nos tanques e cavas…

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e, que também apresentam com orgulho e brilho nos olhos, um a um, os vinhos na hora da degustação.

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Outro ponto a ser destacado, é que durante a visita às bodegas uruguaias, existe ainda a oportunidade de se apreciar vinhos únicos e/ou inusitados que muitas vezes não chegam ao Brasil, como esse corte da delicada Pinot Noir com a marcante Tannat, elaborado pela Marichal e esse Tannat feito por maceração carbônica, da Pizzorno – uma espécie de “Beaujolais uruguaio”.

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FullSizeRender (3)  Tannat

Esta variedade tinta de cor escura, originária de Mandiran na França, se adaptou muito bem aos terroirs uruguaios, pois necessita de um certo grau de umidade para se desenvolver. Além disso, os solos argilosos típicos de lá oferecem condições propícias para o bom cultivo da uva.  As temperaturas noturnas e as brisas oceânicas ainda propiciam temperaturas noturnas suficientemente baixas para originarem vinhos finos e muito frescos fazendo com que o Tannat uruguaio se destaque no cenário internacional por seu aroma e sabor. É comum encontrar em seus vinhos de alta gama certa intensidade de frutas maduras, notas de chocolate e especiarias finas e, a depender da barrica utilizada durante o estágio, toques de tostado, baunilha e tabaco de maior ou menor intensidade. Geralmente, são corpulentos, complexos, persistentes e elaborados para durarem muitos anos.

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Alguns excelentes Tannats que recomendo: Amat Tanat (Bodegas Carrau), Familia Deicas Preludio (Juanicó), Marichal Grand Reserva (Marichal), Bouza Parcela Única (Bouza) e Eolo (Adega de Los Vientos). Num estilo mais leve e refrescante da Tannat, também me chamaram a atenção o Tannat Exotic da Bertolino & Brolio Senza Crianza e o Tannat Serra Oriental. Vale lembrar que a melhor safra dos últimos tempos foi a 2011, portanto, se você se deparar com algum Tannat uruguaio dessa safra, não pense duas vezes para degustá-lo.

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Há também grandes vinhos de corte no qual a Tannat se faz presente, e ganha novo estilo nas mãos dos enólogos que apostam na combinação de outras cepas para criarem vinhos únicos. É o caso do Primo (Pizzorno),  Monte Vide Eu (Bouza), Tannat/Syrah (El Legado), Tannat/Viogner (Alto La Ballena), Mil Botellas Pentavarietal (Los Cerros de San Juan), Equilibrio (Los Nadies) e Tonel Diez Corte Único (Spinoglio).

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Winebars

Além da visita às vinícolas, uma outra opção para quem quer experimentar e conhecer mais sobre os bons vinhos uruguaios é o Montevideu Wine Experience (MWE).Este winebar com cara de pub está localizado no Mercado do Porto, no Casco Antiguo. É um lugar extremamente aconchegante, acolhedor e o que é melhor: o único na cidade que permite a degustação de vários vinhos em taças com uma atenção especial dos simpáticos Nico (proprietário do local) e Líber (sommelier que sabe muuuuito!!!!). Esses dois são realmente demais. Apenas conhecendo-os pessoalmente para entender como o atendimento e a cordialidade de ambos fazem a diferença.

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Eu ladeada por Líber (à dir.) e Nico (à esq.): cordialidade que faz a diferença no Winebar Montevideu Wine Experience

No winebar, que também é uma loja, os vinhos são altamente selecionados. Branco, rosé, tinto ou de sobremesa. Não importa. Todos os rótulos ali escolhidos estão cheios de história e personalidade que podem ser apresentadas no balcão ou nas mesinhas do ambiente. E para agradar ainda mais os clientes, existe uma parceria feita entre o local e alguns restaurantes do Mercado, como o Es Mercat Resto Bar. Especializadíssimo em frutos do mar, os chefs do local preparam pratos saborosíssimos, como esse polvo da foto abaixo, que tive a oportunidade de apreciar no MWE  harmonizado com o vinho branco 1752 da Bodegas Carrau feito com as uvas Petit Manseing e Sauvignon Gris.

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Restaurantes

Quando se está no Uruguai comer bem não é problema. Talvez os brasileiros não encontrem facilmente o arroz com feijão, mas são tantas delícias no cardápio que eu tenho certeza que ninguém nem vai sentir falta deles. Um restaurante excepcional, de comida mediterrânea, onde tive a oportunidade de jantar uma noite foi o Francis, do bairro Carrasco, (repara na foto que tirei de lá). O local é aconchegante, o atendimento é muito bom, a comida é maravilhosa! Lugar que não pode deixar de ser visitado mesmo!!!! Ah! e a carta de vinhos é excelente, merecedora de importantes prêmios na área.  Os preços dos bons restaurantes de Montevidéu podem ser comparado aos localizados em São Paulo e Brasília. A grande diferença é que por lá é possível tomar os melhores vinhos uruguaios pagando-se menos de três dígitos por eles, o que permite uma conta mais barata no final. Um detalhe importante: opte pelo pagamento com cartão de crédito, pois, em restaurantes, há devolução no momento da cobrança de 18,5% no IVA. Esse benefício vale até abril de 2017.

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Suprema de pollo rellena de 4 quesos con salsa de hongos acompanhado de um equilibradíssimo e frutado Merlot RPF da Pisano no restaurante Francis do bairro Carrasco

 Lojas de Vinho

E para finalizar, outra dica bem bacana para quem comprar vinho em Montevidéu é ir à loja Iberpark, onde é possível encontrar rótulos de todas as boas vinícolas de vinhos finos do país com preços iguais ou abaixo do que os vendidos nas próprias bodegas. Existem mais de sete lojas da Iberpark espalhadas pela cidade (confira no site da empresa). A minha dica é conhecer a que fica no Mercado Agrícola Montevideo, onde é possível também aproveitar os restaurantes, hortifrutis e outras lojinhas que existem por lá também.

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Bem, por enquanto é isso. Aguardem porque falarei gradativamente e com detalhes sobre cada uma das vinícolas e restaurantes que visitei nessa passeio ao Uruguai e, claro, sobre os vinhos que degustei por lá!  😉

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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