Chile e Espanha estiveram bem representados na degustação de vinhos que participei recentemente no restaurante Parrilla Madrid (408 Sul) com vinhos das importadoras Terramatter e B-cubo e da distribuidora Art Du Vin. O Línea Garage Reserva Carménère, o Puro Instinto e o Amir (todos da vinícola Una Hectarea) deram mostras de que o Chile está mesmo cada dia melhor na produção de vinhos de autor (vinhos únicos de produção limitada). Já os espanhóis Arnaiz, Caro Dorum, Antano Crianza e Solar do Líbano apresentaram um pouco da diversidade das regiões vinícolas espanholas, respectivamente de Ribera Del Duero, Toro e Rioja.
Para que a degustação ficasse ainda mais especial foram servidas algumas das deliciosas tapas do restaurante como o montadito de filé a cavalo (R$16) e a deliciosa burrata artesanal com tomate, sweet grape e basílico (R$42). Impossível não achar tudo perfeito.
Importador e enólogo – O evento ganhou um caráter didático com as explicações (verdadeira miniaula de Enologia) de Márcio Moualla, que além de sócio da Terramater e da B-Cubo, é um dos donos da vinícola Una Hecatarea, onde também atua como enólogo. Eu não que não conhecia nem os vinhos e nem a vinícola fiquei encantada ao saber que a Una Hectarea é um projeto familiar e que tem como filosofia produzir vinhos únicos de vinhedos de apenas um hectare, das mais destacadas regiões vinícolas do Chile. Entre elas o Maule, o Alto Maipo e Casablanca.
Carménère sem pimentão verde – Pra mim o maior desafio do produtor de vinho chileno hoje é conseguir fazer um vinho carménère sem aquele aroma e sabor herbáceo de pimentão verde, causado por uma substância chamada pirazina. Tudo bem que seja uma característica da uva, mas há como controlar o exagero. Exemplo disso é esse vinho do Vale do Maule da Una Hectarea. O Línea Garage Reserva Carménère 2012 é um exemplar elegante e de preço bom, inclusive o mais barato de toda a linha. Nele, a uva foi bem amadurecida, mas o vinho manteve a acidez esperada para um bom equilíbrio em boca. Quem experimentar vai entender o que estou falando. Leve e elegante ele traz frutas vermelhas, toques minerais e algumas especiarias. É, sem dúvida, vinho que pede comida. Nas lojas pode ser encontrado por R$49.
Amir 2008 – Vinhaço! Esse vinho é realmente um ícone por ser um blend do Vale do Maipo e não trazer em sua composição nada de Cabernet Sauvignon, casta tão comum na região. É composto 50% por Cabernet Franc, 40% por Syrah, 7% por Petit Verdot e 3% por Malbec. Extremamente complexo, com acidez marcante e mistura de frutas vermelhas e negras. A produção desse vinho é de apenas 4mil garrafas, o que de certa forma o torna ainda mais especial. Seu preço gira em torno de R$310 nas lojas. É um vinho tão bom que merecia ser tomado todo os dias, mas dada as suas peculiaridades é melhor guardá-lo para apreciá-lo calmamente em um momento especial.
Destaque espanhol – Mais uma vez o Solar de Líbano Crianza 2009 mereceu evidência aqui no blog porque realmente é muito bom. Ele é produzido em Rioja e é um blend da tradicional uva espanhola Tempranillo (97%), com Garnacha e Graciano (3%). Sem dúvida, um “Rioja contemporâneo” pois, diferente de muitos vinhos daquela região, apresenta um sabor muito sutil de madeira que não se sobrepõe ao das frutas. É equilibrado, apresenta notas de frutas vermelhas e notas suaves de baunilha e caramelo. É bem persistente. Nas lojas é comercializado por R$90, aproximadamente.
Wine Bar – Apesar de não ser o foco principal desse post, eu não poderia deixar de mencionar o Winebar do Parrilla Madrid. Atualmente é a casa de Brasília que mais possui rótulos disponíveis em taças vendidos nos valores de R$4 a R$180 e em doses de 50ml, 100ml ou 150ml. São 40 ao todo: entre brancos, rosés, tintos, espumantes e vinhos de sobremesa, inclusive botrytizados, como os raros húngaros Tokaji. A casa conta com sete enomatics – máquinas que conservam os vinhos depois de abertos – e os rótulos são devidamente escolhidos por Márcio Moualla, Gil Guimarães (sócio-proprietários do Parrilla) em conjunto com a elegante e experiente sommelier da casa Ana Clara Carvalho, que acumula quase 15 anos no ramo da gastronomia e do vinho com passagem pelo requintado grupo Gero.
Para Gil Guimarães o Winebar do Parrilla Madrid é uma excelente oportunidade para as pessoas beberem vinho a preço justo. “Com apenas R$12 o cliente pode beber excelentes vinhos de três países distintos”, ressalta. As doses são comercializadas O lugar também é indicado para quem deseja provar vinhos caros e badalados. Lá, por exemplo, pode-se beber uma taça de 50 ml do Pêra Manca tinto por R$57,50. A mesma taça do supertoscano Tignanello sai por R$32. Uma opção bem interessante para quem não deseja pagar R$800 ou R$585 pelas respectivas garrafas.
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