Nordeste ou Sul? Conheça as diferenças entre os vinhos tropicais e os vinhos do Altos Montes

Muito em breve o Brasil ganhará o reconhecimento da primeira Indicação de Procedência de vinhos tropicais do planeta. A aprovação do título, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), deve ser destinada ao Vale do Rio São Francisco, região produtora de vinhos desde a década 50. A futura IP localiza-se no eixo Petrolina-Juazeiro, entre a Bahia e Pernambuco.

IP de Vinhos tropicais
Futura IP de Vinhos tropicais

Mas você sabe o que são vinhos tropicais? Quais são suas características? E qual a diferença entre os vinhos tropicais e os vinhos produzidos na Serra Gaúcha?

Para esclarecer essas dúvidas, Roberta Boscato, engenheira agrônoma e sommelier da Boscato Vinhos Finos, vinícola que faz parte da IP Altos Montes da Serra Gaúcha, apresenta as características desta IP e da futura IP Vale do São Francisco, produtora de vinhos tropicais.

Características dos vinhos tropicais e da Serra Gaúcha

IP Vale do São Francisco – Vinhos Tropicais

O alto índice de insolação do Vale São Francisco produz uvas com elevado nível de açúcar, resultando em vinhos bastante frutados.

IP Altos Montes – Vinhos da Serra Gaúcha

As características próprias do terroir entregam aos vinhos tipicidade, coloração rica e bouquet intenso.Características do terroir

Característica do Terroir – vinhos tropicais e da Serra Gaúcha

IP Vale do São Francisco – Vinhos Tropicais

O clima é seco e quente. É comum nas regiões semiáridas a irregularidade das chuvas, aliada à ocorrência de temperaturas elevadas, ocasionando grandes taxas de deficiência hídrica. O solo arenoso, apresenta grandes depósitos de sedimentos rochosos. A água para irrigação é proveniente do rio São Francisco.

IP Altos Montes – Vinhos da Serra Gaúcha

IP Altos Montes
IP Altos Montes

O microclima do Vale do Rio das Antas – Serra Gaúcha, apresenta estações bem definias: invernos rigorosos e verões quentes. O terroir também é composto por solos rochosos de origem basáltica, ricos em micronutrientes naturais. As chuvas são regulares e sua maior ocorrência ocorre no inverno. Sendo necessária a irrigação em algumas da IP, que sofrem com a estiagem no verão.

Funcionamento das safras – vinhos tropicais e vinhos da Serra Gaúcha

IP Vale do São Francisco – Vinhos tropicais

Por não existir estação fria, cada planta gera de duas a duas e meia safras por ano, em ciclos de 120 a 190 dias. Essa vantagem produtiva fez com que a região fosse reconhecida pela produção de uva em qualquer época do ano, regulada principalmente pela prática da irrigação e da programação e manejo das podas.

IP Altos Montes – Vinhos gaúchos

Temos uma produção de uva por ano, apenas no verão, como na maioria das regiões vitivinícolas mundiais. A produção de uvas é limitada, pois os vinhedos são cultivados em espaldeira. Existe um limite de produtividade e padrões de maturação das uvas para aumentar a qualidade dos produtos, conforme determina a IP.

Variedades das uvas

IP Vale do São Francisco – Vinhos tropicais

A “Syrah” é a principal cultivada para a elaboração de vinhos finos no Submédio do Vale do São Francisco, sendo responsável por 65% da produção. Mas também são cultivadas variedades vitis viníferas como Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Petit Verdot, Grenache, Sauvignon Blanc, Chenin Blanc, Moscato Canelli, Verdejo e Viognier.

IP Altos Montes – Vinhos gaúchos

Já nos Altos Montes, as variedades de vitis viníferas utilizadas são Cabernet Franc, Merlot, Ancellotta, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Refosco, Marselan, Tannat, Riesling Itálico, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Gewurztraminer, Trebbiano, Moscatos e Malvasias.

Vinhedos da Vinícola Boscato
Vinhedos da Vinícola Boscato – IP Altos Montes

 “São dois terroirs de regiões, em espaços muito distantes, continentais eu diria. Com clima, solos, topografia e relevo, completamente distintos. Tem história, origem, e um modo de produzir a uva e o vinho diferente e típico de cada local”, explica Roberta.

Além das características geográficas, a cultura também é um ponto relevante de ser considerado, aponta ela: “São culturas coletivas, a do imigrante italiano, e a do nordestino, completamente distintas. Essas culturas têm interações no ambiente físico e biológico, com práticas vitivinícolas aplicadas, que conferem características distintivas aos produtos originários de cada região. No Semiárido a paisagem do Vale do Rio São Francisco é permeada pela Caatinga. Nos Altos Montes a paisagem é do Alto do Vale do Rio das Antas, Serra Gaúcha”.

 “Na minha opinião, não tem como comparar e sim conhecer, porque são vinhos de regiões completamente distintas.  Cada garrafa de vinho IP Altos Montes e IP Vale do São Francisco deve ser degustada com discernimento”, finaliza a sommelier.

Leia também: Já conhece os vinhos do Vale do São Francisco?

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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