A imigração italiana para o Brasil, comemorada oficialmente em 21 de fevereiro, foi um acontecimento de impacto histórico. Como resultado, o Brasil é hoje o país com o maior número de descendentes de italianos no mundo (cerca de 31 milhões de pessoas). O fluxo migratório ocorrido entre 1874 e as primeiras décadas do século XX trouxe influência cultural e nos costumes. A expressiva maioria desses italianos chegou para trabalhar na lavoura. E o legado italiano na vitivinicultura brasileira é relevante, especialmente na região sul.
No Rio Grande do Sul
De fato, o desenvolvimento da vitivinicultura no Rio Grande do Sul teve importante contribuição italiana. Um exemplo marcante está nas cidades de Bento Gonçalves e Garibaldi, na serra gaúcha. No fim de 1875, a região recebeu os primeiros fluxos de imigrantes italianos, muitos deles originários do Vêneto, no norte do país europeu.
Inicialmente, os imigrantes cultivavam as uvas somente para consumo das famílias. A videira americana Isabel foi a que melhor se adaptou nesse processo. Com o passar do tempo, a variedade mostrou-se tão pujante que os colonos passaram a comercializar o vinho para outras localidades gaúchas.
Mais tarde, na primeira década do século XX, passou a ser feito o transporte de carretas e o vinho destinou-se a novos mercados do país. É atribuída aos agricultores italianos Antônio Pierucini (originário de Luca) e Abramo Éberle (de Vicenza) os primeiros empreendimentos dessa natureza. Com eles, os lotes da bebida chegaram à capital paulista.
Em seguida, o desenvolvimento da cultura vínica fez com que os italianos erguessem casa maiores e mais cômodas. Em algumas delas, com porões e sótãos. No caso dos porões, eles serviam para armazenar as pipas com os vinhos para seu envelhecimento. Eles serviam ao consumo dessas famílias até a próxima colheita. Com a prosperidade das produções italianas de vinho na região surgiram rotas enogastronômicas para o turismo, como o famoso Caminhos de Pedras.
Por isso, vinícolas gaúchas importantes foram fundadas por famílias de imigrantes italianos. Já tratamos de algumas delas neste blog: Miolo, Cainelli, Torcello (as três em Bento Gonçalves) e Faccin (em Monte Belo do Sul).
O legado italiano na vitivinicultura de São Paulo
Da mesma forma, os imigrantes italianos também deixaram um importante legado na cultura vínica em São Paulo. Em especial, nos municípios de Jundiaí e São Roque, ambos próximos à capital. A segunda é conhecida como “Terra do Vinho Paulista”. Como ocorreu no Sul, nos dois casos inicialmente o cultivo destinava-se ao consumo das famílias, sendo uma produção meramente artesanal. Com o passar do tempo, a produção ampliou-se e passou a servir à comercialização.
A saber, é na cidade de Jundiaí (a 58km de São Paulo) que ocorre tradicionalmente a Festa do Vinho Artesanal. Ela é organizada desde a chegada dos italianos. Culinária típica do país europeu e vinhos das adegas dessas famílias celebram a data. A rota da uva é um cartão postal da cidade, com seus vinhos coloniais.
Portanto, o legado italiano na vitivinicultura brasileira é inegável. Seja no Rio Grande do Sul, em cidades do interior de São Paulo e em outras partes do país, a imigração italiana foi protagonista no desenvolvimento da produção vinícola. Razões não faltam para comemorar este Dia Nacional do Imigrante Italiana. Benvenutti a tutti!