Texto: Rafael Costacurta (do Blog garrafeira.bar)/ Fotos: Alexandre Azevedo /Edição: Etiene Carvalho
Tem sido um prazer participar da Confraria Franciscana. Poder degustar bons vinhos e conversar sobre esse universo é algo de que não me canso nunca. Nessa última edição do ano, tínhamos que fazer algo especial, principalmente por não termos conseguido fazer a reunião de novembro. Ou seja, juntamos o clima de comemorações de fim de ano com a vontade de nos reunirmos e degustar. A seleção de vinhos foi caprichada, com rótulos bastante especiais, incluindo um Madeira super raro, um espumante Ice Wine canadense e muitas outras coisas boas.
Como a ideia era reunir todo mundo para comer, beber e se divertir, decidimos que não haveria tema ou vinhos pré-selecionados. Combinamos, então, apenas de levar rótulos do Velho Mundo. Importante agradecer à Giuli (Giuliana Ansiliero), que foi mais uma vez a nossa anfitriã, sempre super preocupada em receber todo mundo muito bem no restaurante Dom Francisco da 402 Sul.
Vamos aos vinhos?
A tarde começou com um Bollinger Special Cuvée Brut (R$430) que estava excelente, uma amostra do que faz Champagne ser tão celebrado e caro. Vinho sério, cremoso, complexo. Beberia sempre uma taça para começar bem o dia.
O segundo a ser degustado foi um Chateau de Fonsalette 2006 Cotes du Rhône Reserva Branco, que pertence ao mesmo pessoal do Chateau Rayas. Um Corte de Grenache Blanc, Clairette e Marsanne. Bastante untuoso e com toques amargos, características que eu considero típicas dos brancos do Rhône. Este vinho estava delicioso, mas achei um tanto caro para o que oferece (R$ 300). Parece que a grife do produtor está contando mais do que deveria.
Depois veio um delicioso Pinot Noir estadunidense. O Sequana Sundwag Ridge 2008 (R$378,60). Nós tínhamos combinado de trazer apenas vinhos do Velho Mundo, mas este “penetra aqui” foi muito bem vindo. Um vinho muito agradável, gentil, fácil de beber.
Em seguida, bebemos o tinto que eu mais gostei, um Clos de Papes Chateauneuf-Du-Pape 2008 (R$550). Um vinho com aromas e sabores florais e de especiarias. Complexo e muito elegante e a cada gole aparecia algo diferente. Um vinho excelente. Pena que também seja tão caro. Daria para beber litros dele toda semana.
Seguindo a sequência, bebemos um Valduero Reserva 2009 (R$300), de Ribera del Duero. O vinho mais potente da tarde, como seria de esperar de um Duero Reserva. Taninos bem macios e aveludados, muita fruta madura. Um vinho que deve melhorar bastante com mais alguns anos de garrafa.
Continuando na Península ibérica, bebemos o Principal Grande Reserva 2008 (R$440), da Bairrada. Apesar de ser dessa região portuguesa, este corte não leva a Baga, mas a Cabernet Sauvignon, a Merlot e a Touriga Nacional, o que de fato se faz sentir num estilo mais internacional, mas nem por isso com menos gosto. Vinho também muito equilibrado e elegante. A Principal tem se mostrado uma das vinícolas mais ativas da região, inclusive.
Acabados os tintos, partimos para os vinhos de sobremesa. Começamos com um espumante Ice Wine Inniskillin Vidal 2011 (US$80). Da região do Niágara, no Canadá. O vinho é um bomba de doçura e frutas compotadas. Manga e damasco são as frutas que mais pareciam exalar da taça. O vinho é super doce, e senti falta de um pouco mais de acidez para equilibrar a bebida. Valeu pela curiosidade.
Depois veio um espetacular Tokaj 6 Puttonyos Pendits 2004 (R$550). Um vinho bastante intenso, cheio de nuances, aromas de frutas secas, bem equilibrado, boa acidez para balancear o açúcar. Eu considero os Tokaj o que há de melhor nesse estilo de vinho.
E para finalizar o dia, um Madeira Cossart Gordon Terrantez 1977 (R$537,50)! Adorei ter tido a experiência de beber algo assim. A uva Terrantez é super rara. Um exótico, com toques de tabaco, mineralidade acentuada, frutas secas e oxidação. E, ainda, com um grande frescor para um vinho dessa idade. Muito bom!
Particularmente fiquei muito feliz com o sucesso do primeiro “Natal” da confraria. Que venham ainda muitos outros…
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