Muita gente ainda torce o nariz para os vinhos brasileiros. Por esse motivo, resolvi escrever esse texto para falar de alguns bons produtores brasileiros que eu conheci em degustaçãoes, por dicas de sommeliers e nas minhas andanças pelo Brasil.
Deixei de fora os grandes produtores como Miolo, Casa Valduga, Salton, ok? Isso não significa que eles não produzam bons vinhos, apenas resolvi trazer algo um pouco menos conhecido.
Garbo
Vocês já ouviram falar na Garbo Enologia Criativa? Idealizada por três enólogos amigos, a Garbo fica perto do Vale dos Vinhedos no Caminho de Pedras.
O vinho que mais gosto deles é o inusitado Inquieto! Elaborado com merlot e sauvignon blanc! Que vinho! Elegante, fresco, delicioso!
Também destaco o equilibrado DUO, que é elaborado com um corte de cabernets sauvignon da Campanha e Serra do Sudeste e é super equilibrado. E não posso deixar de citar o Potenza que é feito com uvas tannat da Serra Gaúcha, que nada lembra aqueles vinhos duros e cheios de taninos que às vezes a tannat entrega.
Routhier & Darricarrère (Redvin)
A Routhier & Darricarrère é uma vinícola da Campanha Gaúcha que tem como origem a junção de uma família francesa (que veio do Uruguai) e outra canadense. Eles buscam integração perfeita entre terroir e enologia para elaborar vinhos distintos dentro do estilo do velho mundo.
Destaco aqui aqui o Cabernet Sauvignon Salamanca do Jarau. A fermentação desse vinho utiliza leveduras presentes na casca da uva e ele permance por um ano em barricas de carvalho francês velhas.
O rótulo diferentão foi desenhado pelo artista plástico Gelson Radaelli. A figura dele é a Teniaguá, ou Salamanca do Jarau, lenda do folclore gaúcho.
Muito equilibrado, com boa intensidade aromática com frutas negras marcantes. Taninos muito macios e a acidez média. Um final longo. É um vinho diferente que vale a pena conhecer! Muito bom!
Viapiana
A Viapiana é uma vinícola familiar com tradição de produção de vinhos no Brasil há cinco gerações que fica localizada na Serra Gaúcha em Altos Montes.
Ela produz vinhos de todas as categorias, mas os meus preferidos são o vinho laranja e os espumantes (um melhor do que o outro)! Quem quiser experimentar um espumante tinto, pode procurar o Espumante Tinto Gamay! Sem dúvida, vai ser uma experiência diferente! E um dos espumantes tradicionais que mais gosto é o Viapiana 192 Dias Brut.
Também não posso deixar de citar, um dos grandes destaques deles que é o vinho laranja Viapiana Gros Manseng! Produzido com a casta branca Gros Manseng, pouco conhecida aqui no Brasil mas típica do sudoeste da França. Acho uma delícia! Diferente! Possui aromas de laranja, pêssego e um pouco de cera de abelha. Tem boa acidez e um pouquinho de tanino (faz parte). É um vinho delicado e muito agradável. Não encontrei no site deles para vender, então se vc achar por aí e curtir e pegada dos vinhos laranjas, pode comprar sem medo!
Vinícola Thera
Localizada na Serra Catarinense na Fazenda Bom Retiro, a Thera foi inaugurada em novembro de 2015 e é uma das vinícolas mais novas de Santa Catarina. Ela nasceu de um projeto idealizado pelo empresário João Paulo Freitas, filho de Dilor Freitas, fundador da Villa Francioni e um dos pioneiros na produção de vinhos finos de altitude.
Gosto muito dos espumantes da Thera! O Auguri Blanc de Blanc Brut é uma das opções!
E também vale a pena conhecer o Sauvignon Blanc deles! Boa intensidade aromática! Muita fruta tropical, como abacaxi e maracujá, nectarina e toques de ervas frescas que estavam bem equilibrados com os aromas das frutas. A acidez também é média alta e o corpo é médio baixo. O final é longo e a persistência longa! Esse vinho fica em contato com as lias até o engarrafamento, também passando pelo processo de bâtonnage. Gostei demais!
Os rótulos brancos da vinícola Thera foram destacados pelo Master of Wine Dirceu Vianna em outubro de 2020 na revista inglesa Decanter.
Família Bebber
A Família Bebber também fica localizada em Altos Montes e se destaca pela produção de seus vinhos tintos. A proposta é buscar o melhor de cada terroir do Rio Grande do Sul, produzindo vinhos bem adaptados ao paladar brasileiro com uvas de diversos locais diferentes do estado.
O vinho que costuma fazer muito sucesso é o Maragato, elaborado com Merlot e Cabernet Franc (Serra Gaúcha), Touriga Nacional, Malbec e Marselan (Serra do Sudeste) e Tannat (Campanha Gaúcha) de três safras distintas. Esse vinho é bem estruturado, potente e que tem um bom potencial de envelhecimento.
Para quem gosta de um vinho mais leve e fresco, recomento muito o Família Bebber Pinot Noir. E se você está procurando algo um pouco mais intenso, o Família Bebber Touriga Nacional é perfeito!
Também gosto muito da linha Almejo que tem um excelente custo benefício.
Guaspari
A Vinícola Guaspari fica localizada a 200 km da cidade de São Paulo em Espírito Santo do Pinhal, na fronteira com o Estado de Minas Gerais. É o audacioso projeto de uma família que se dedicou a transformar uma antiga fazenda de café em uma vinícola.
Eles produzem seus vinbos utilizando a técnica de dupla poda , o que permite que a colheita ocorra no inverno, período ideal para esse processo.
A Guaspari possui inúmeros prêmios e sempre é citada por publicações especializadas (inclusive internacionais). A qualidade dos seus vinhos é reconhecida por diversos críticos renomados e seus vinhos sempre são citados pelo Master of Wine Dirceu Vianna como bons exemplos de tintos brasileiros. O seu Syrah Vista da Serra 2017 foi o primeiro vinho brasileiro a aparecer na capa da Decanter Magazine.
Família Geisse
A Família Geisse é reconhecidada pela excelência dos seus espumantes! Ela foi fundada pelo engenheiro agrônomo e enólogo chileno Mario Geisse, que foi contratado para dirigir a Moët & Chandon do Brasil em 1976. Ele fundou a vinícola três anos depois em Pinto Bandeira (pertinho do Vale dos Vinhedos) devido ao grande potencial da região para o cultivo de uvas de alta qualidade para a produção de espumantes.
Todos os seus rótulos de espumantes primam pela qualidade! Desde a linha mais simples – Cave Amadeu – até os mais complexos! Fica difícil recomendar apenas um, mas eu acho o Cave Geisse Blanc de Blanc Brut uma boa pedida!
E se você estiver por lá, o passeio pela vinícola é imperdível! Conheci os vinhedos de jipe e no meio do caminho ainda fui bebericando umas tacinhas!
Vamos deixar bem claro que existem várias vinícolas que merecem destaque como Pizzato, Valmarino, Fabian, Larentis, Adolfo Lona, Luiz Argenta, Don Guerino e outras. Essa é apenas uma lista exemplificativa e não extensiva, ok? E também não está na ordem de preferência.
Deixem sugestões e comentários de outros produtores! Vai ser legal saber o que vocês pensam sobre os vinhos brazucas e aprender mais um pouco também.