Estive no Chile e tive a oportunidade de visitar algumas vinícolas. Uma delas foi a Loma Larga, que está situada no Valle Casa Blanca, a cerca de uma hora de Santiago. Essa vinícola chilena é bem interessante e foi concebida como “boutique” (preocupando-se muito mais com a qualidade do que com a quantidade produzida). O nome escolhido, quando traduzido, é uma síntese do terroir onde a vinícola está instalada: “Colina Comprida”. Atualmente produz vinhos de alta gama de duas únicas linhas: a Loma Del Valle e a Loma Larga e, ao todo, possui 19 rótulos.
A linha Loma Larga utiliza apenas uvas de vinhedos próprios para elaborar seus vinhos. A linha Lomas del Vale engloba aqueles procedentes de uvas de variados vinhedos, inclusive. São considerados vinhos que expressam o verdadeiro terroir do Vale; eles não passam por barricas e, normalmente, se apresentam com grande frescura, fruta intensa e acidez natural .
Já a linha Loma Larga é o resultado de vinhos provenientes de uvas que foram plantadas em vinhedos especiais da vinícola, selecionados depois de anos de estudo minucioso do terroir. De modo geral, são vinhos mais concentrados e, que segundo os produtores, possuem uma qualidade que representa o melhor das variedades de clima frio.
A Loma Larga foi fundada em 1999, em uma área estudada desde 1994, a empresa familiar contou, no plantio de suas primeiras videiras, com a expertise do enólogo francês Cedric Nicolle,especialista em uvas de clima frio. A vinícola possui vinhas espalhadas por 148 hectares de vinhedos em Casa Blanca, esse Vale apresenta uma diferença significativa entre o clima da manhã e o da noite provocada por uma brisa do Pacífico. Algo muito bom, principalmente, para uvas como Pinot Noir e Sauvignon Blanc, que se adpatam muito bem em climas frios e com boa amplitude térmica.
De toda forma, a Loma Larga também aposta em cepas pouco plantadas em Casa Blanca e produz também Cabernet Franc, Malbec e Syrah – das quais surgem vinhos que estão impressionando muita gente. Não é á toa, que a vinícola, atualmente, é considerada líder de tintos de clima frio no Chile.
Enoturismo
Eu tive a oportunidade de desfrutar de uma informativa visita guiada a vinhedos, adega de vinificação e cava de barricas subterrâneas, podendo conhecer de pertinho o processo de produção dos vinhos.
Ao final, participei de uma degustação guiada com a simpática e atenciosa enóloga da vinícola Tamara Baeremaecker, que me apresentou alguns dos vinhos da Casa: Lomas Del Valle Sauvignon Blanc 2017, Pinot Noir 2016 e Quinteto 2017 e, também, Loma Larga Unfiltred Malbec 2011, Cabernet Franc e Syrah 2012.
Apesar de ter apreciado todos os vinhos degustados, vou destacar apenas dois deles nesse post:
Pinot Noir Lomas Del Valle 2016
Esse vinho me impressionou pelas notas intensas de frutas vermelhas, misturadas com louro. É um ótimo exemplo de Pinot Noir de clima frio com sabor bem macio, acidez intena e frescor marcante. Os taninos quase não aparecem. Uma curiosidade desse vinho é que suas cepas foram provenientes de Beaune (Borgonha), no final dos anos 90. Os enólogos entenderam que o terroir do sul da Borgonha tinha mais a ver com o clima de Casablanca.
Loma Larga Unfiltred Malbec 2011
Já havia experimentado o Malbec da linha Loma Del Valle durante evento promovido pela WineChef, do sommelier Alex Ordenes, em Brasília (confira aqui) e gostado demais do vinho. O Loma Larga Unfiltred Malbec 2011, por ter sido submetido a um estágio de 14 meses em barricas, se mostrou mais robusto que o primeiro, que por não estagiar em barris, era mais fresco e frutado. Notas de violeta e amora encontrei em ambos os vinhos; já o leve tostado apenas no Loma Larga Unfiltred Malbec. A minha conclusão foi de que a Loma Larga realmente se destaca na produção de bons Malbecs chilenos.
Quem tiver interesse em conhecer a vinícola Loma Larga e participar da degustação dos seus vinhos, deve agendar pelo email info@lomalarga.com. No local, também pode ser feito passeio a cavalo ou de helicóptero.
Confira, abaixo, mais fotos da visita:
Fotos: Guilherme Penchel