“Você está louco!” Foi esta a reação dos agricultores locais quando Mauritz Koster, produtor rural de milho arrancou sua plantação de seus campos e semeou uvas. Doze anos depois, Merlot, Cabernet Sauvignon e Pinotage, o cruzamento de Cinsaut e Pinot Noir, são cultivadas nas terras da vinícola Cathedral Peak Wine Estate, em Winterton, África do Sul.
Montanhas do Dragão
Atualmente, a Cidade do Cabo, que está a cerca de 15 horas de Winterton, concentra boa parte da produção dos vinhos sul-africanos, mas pessoas como Mauritz estão inovando, aproveitando mudanças dos padrões climáticos e desafiando antigas convenções. As videiras da vinícola Cathedral Peak crescem aos pés da Cordilheira do Drakensberg, (Montanhas do Dragão), uma cadeia de montanhas que fica ao oeste da província de KwaZulu-Natal, oferecendo chuvas quentes de verão a 1.110 metros de altitude. Bem diferente do tradicional clima mediterrâneo e dos invernos frios e úmidos do Cabo Ocidental.
Terroir Especial
Os vinhos, feitos pelo enólogo Flip Smith, ganharam vários prêmios locais. Mas embora as videiras de Pinot Noir estejam “prometedoras”, as variedades de vinho branco, como Sauvignon Blanc, e mesmo a Merlot, Cabernet Sauvignon e Pinotage, encontram mais dificuldades com o Terroir, onde pela manhã a temperatura fica em torno de 32ºc em janeiro e fevereiro. Além disso as chuvas de granizo exigem proteção com redes e a umidade causada por tempestades precisa ser controlada para proteger as uvas de fungos (ferrugem branca).
“Platter’s“, um guia de 700 páginas consultado por amantes dos vinhos sul-africanos enquanto visitam propriedades para degustações, afirma que produzir vinho na região “é lidar com desafios que poderiam chocar seus colegas de Cabo Ocidental”.
No site da vinícola, os proprietários se manifestaram da seguinte maneira: “Em 2008, decidimos aproveitar esta paixão pela agricultura e misturá-la com a nossa paixão pelo vinho e, como resultado, plantamos algumas vinhas. Com tal clima, em um ambiente tão único, era certo que encontraríamos uma maneira de fazer vinhos de distinção. Somo agricultores, somos apenas guardiões do solo. Em nossa jornada de vinhos, reconhecemos o privilégio e as obrigações que temos como sendo os primeiros a produzir vinhos de destaque neste ambiente espetacular. Nós aceitamos que os outros nos sigam. Encorajamos outras pessoas a participar da jornada”.