Uma vinícola sensacional que é destaque no Vale dos Vinhedos e merece ser visitada é a Peterlongo – a primeira e única do Brasil a produzir champagne. (Relembre a diferença entre espumante e champanhe aqui).
A Peterlongo fica na cidade de Garibaldi-RS, considerada “a capital do espumante”, e conta com uma história de mais de cem anos. Atualmente produz mais de 4,2 milhões de bebidas por ano, entre sucos de uva, vinhos com e sem álcool, frisantes, espumantes e champagnes.
A vinícola é bonita por fora e por dentro. Suas instalações incluem uma residência em forma de castelo e uma cave subterrânea de 10 mil m². Toda em pedras basalto, a cave baseada nos moldes franceses, mantém constante a temperatura das garrafas em todas as estações do ano. Com o decorrer dos anos a cave foi sendo ampliada para poder acompanhar o crescimento da produção de champagnes.
Do lado de fora o castelo com vista para o centro de Garibaldi, conta com um belo jardim que é hoje é palco de um projeto de sucesso na Serra Gaúcha, denominado Wine Movie – uma experiência que acontece sempre aos sábados no fim da tarde e consiste na projeção de filmes regados à vinho e champanhe e comidas de foodtruck.
Visita
O Tour que participei foi o Armando Peterlongo, que acontece diariamente de 8h às 17h e tem duração de uma hora. É um passeio muito rico em detalhes históricos da vinícola. Ele passa pelo jardim, vinhedos e segue para a sala de vinificação, onde se recebe explicação detalhada sobre o processo de produção de vinho;
Também visita as barricas e caves subterrâneas, onde é possível ver de perto as garrafas de espumante nos pulpitres durante o processo de segunda fermentação.
O tour também inclui um passeio ao museu da vinícola e finaliza com uma degustação de alguns dos principais vinhos e espumantes da Peterlongo. O agendamento deve ser feito pelo email varejo@peterlongo.com.br .
A Peterlongo e o champagne no Brasil
O imigrante italiano Manoel Peterlongo chegou ao Brasil em 1899. Neto de um produtor de espumantes, ele começou a produzir a bebida em 1913, seguindo a metodologia difundida por Don Perignon, com o método champenoise. Em 1915 fundou oficialmente o Estabelecimento Vinícola Armando Peterlongo S/A, nome em homenagem ao único filho homem da família.
A Peterlongo foi a primeira vinícola brasileira a empregar mão de obra feminina e, na década de 1930, com a instauração das leis trabalhistas, Armando Peterlongo, que herdou a empresa do pai, foi o primeiro empresário da região a pagar o salário mínimo aos seus operários.
A empresa ampliou as vendas no Brasil e chegou ao mercado internacional, levando seus produtos, em 1942, à conceituada rede americana Macy’s, em Nova Iorque. A marca Peterlongo tornou-se obrigatória em solenidades oficiais, batismos de navios e aviões. A bebida estava sempre presente em banquetes oferecidos pelo governo Getúlio Vargas e foi elogiada até pela rainha da Inglaterra, Elizabeth, ao visitar o Brasil.
Na primeira metade do século XX, vinícolas francesas chegaram a questionar a utilização do termo champagne em rótulos de brasileiros. Em 1974, o Supremo Tribunal Federal, no entanto, julgou improcedente o questionamento e a Peterlongo ganhou o direito da denominação, que fora absorvida desde o início da elaboração da bebida por Manoel Peterlongo. Além do histórico de elaboração de champagnes pelo método tradicional, o STF levou em conta para a decisão o fato de a vinícola ter sido a primeira a plantar uvas viníferas brancas no Brasil, além de importar leveduras de alta qualidade da França.
Mesmo assim o assunto ainda é polêmico e divide opiniões. Hoje a Peterlongo mantém o termo somente nos rótulos Elegance, linha top de espumantes. Nos demais aparece apenas espumante.