A expressão vinho de garagem (vin de garage) surgiu no início dos anos 90 na França quando Jean-Luc Thunevin e a esposa Murielle Andraud decidiram fazer vinhos literalmente na garagem de uma pequena propriedade situada na renomada região bordalesa de Saint-Emilion. Sem experiência na produção vinícola, mas com a importante ajuda do amigo Michel Rolland, um dos mais importantes enólogos da atualidade, o casal deu início a produção de vinhos mais macios e menos tânicos do que os produzidos em Bordeaux. Em 1991, lançaram o Château Valandraud, (apenas mil garrafas) que recebeu notas altíssimas dos principais críticos de vinho do mundo, surgindo assim o conceito vinho de garagem: técnicas e cuidados específicos e pequena produção.
Degustação – Ao participar de recente degustação de vinhos americanos de garagem, promovida pela revista Estação Vinum, pude apreciar quatro deliciosos rótulos. Diferentemente do que se costuma encontrar nos tradicionais vinhos americanos, ou seja, aromas de compota, muita madeira e uma certa doçura, percebi os vinhos com características muito próprias e especiais. Acompanhe, abaixo, algumas informações e impressões:
Eyrie Vineyards – Original Vines Reserve Chardonnay 2009 – Um vinho muito leve, fresco, com boa acidez e notas de frutas cítricas. Apenas 2500 garrafas produzidas e provenientes de vinhas com quase 50 anos. Muito fácil de agradar e de harmonizar com pratos leves, como saladas e peixes.
North Coast Trousseau 2012 – Foi a primeira vez que experimentei a uva Trousseau, muito comum na região do Jura na França. O vinho de tão claro parecia um rosé. No entanto, em boca marcou mais pelos taninos do que pela acidez – uma surpresa para um vinho tão claro. O produtor vem se destacando no mundo garagista norte-americano, mas seus vinhos só são vendidos a quem faz parte da lista de clientes.
Evening Land Willamette Valley Pinot Noir 2011 – Muito bom vinho. Elegante, suave e com muitas notas de frutas vermelhas. Tanino e acidez presentes, mas com bastante equilíbrio. Projeto de vinícola do Oregon e supervisionado por Dominique Lafon, um dos mais respeitados viticultores da Borgonha.
Chanin “Los Alamos” Pinot Noir Santa Barbara 2011 – Para mim, o melhor vinho entre todos os degustados. Notas de frutas vermelhas, especialmente, cereja e morango. Apenas 2500 garrafas produzidas.Um tinto fresco, vibrante e equilibrado. Além disso, o vinho traz em seus rótulos uma obra de arte – cada safra contém uma pintura. Excepcional!
Os vinhos da degustação foram selecionados por Eugênio Oliveira, editor de vinhos da Revista Vinum. Os rótulos custam em torno de 50 dólares e não são comercializados no Brasil. Se alguém tiver a sorte de encontrá-los pela frente, não deve perder a oportunidade de degustá-los.