Crenças comuns, consideradas sem fundamento científico são normalmente chamadas de “mito” e estão presentes em diversas áreas. No mundo dos vinhos, por exemplo, há inúmeros. Considero que o maior deles é o que afirma ser a idade a melhor amiga do vinho. O fato é que cerca de 90% dos vinhos produzidos hoje não devem envelhecer, isto é, são feitos para serem consumidos ainda jovens. Isso quer dizer que se você guardar por 10 anos um vinho comum, feito para ser consumido em até quatro, encontrará vinagre no lugar da bebida quando for degustá-lo, infelizmente.
Características especiais – Para poder envelhecer na garrafa, um vinho precisa possuir bastante estrutura, ou seja, ter algumas características especiais como uma boa base de taninos, acidez, álcool e açúcar residual ou uma combinação de todas elas.
Exemplos – Os vinhos de melhor qualidade e de boas safras de Bordeaux (França) são exemplos de vinhos muito tânicos, ácidos e frutados. Eles possuem uma ótima combinação para envelhecerem bem por até duas décadas ou mais, pois com o passar do tempo seus taninos ficam mais suaves e a acidez conserva o frescor da bebida, deixando a fruta aparecer para dar aquele toque especial no vinho. Esse também é o caso dos melhores Barolo, Barbaresco e Brunello di Montalcino da Itália. (Isso não quer dizer que esses vinhos não possam ser consumidos jovens, mas, certamente, será um desperdício fazer isso antes de chegarem em seu apogeu quando envelhecidos devidamente).
Outros vinhos – Há ainda os vinhos do porto, que por possuírem bastante álcool e açúcar residual, estão aptos para envelhecerem numa adega por até um século. Muito longevo também é o mais famoso vinho de sobremesa do mundo, encontrado em Sauternes (França), o Chateau d´Yquem. Claro que além desses vinhos elencados, tanto secos, como fortificados ou doces, existem outros tops de várias regiões que podem envelhecer bem por décadas, como os grandes Pinot Noir da Borgonha e os grandes Rieslings (brancos) da Alemanha (nesse caso, a acidez é a grande responsável pela longevidade), mas como disse no início desse post, esses vinhos são as exceções e não a regra, pois a grande maioria dos vinhos, hoje em dia, está pronta para o consumo no ato de sua compra.
Dica prática – quando for procurar vinhos num supermercado ou casa especializada ao se deparar com aqueles que custam entre R$20 e R$55 opte sempre pelas safras mais recentes – esses vinhos baratos normalmente são feitos em larga escala e a tendência é decaírem a cada ano. Se forem brancos então, o cuidado deve ser redobrado. Na prática, vinhos feitos para envelhecer não são baratos. Claro que essa é uma dica genérica, por isso, o indicado mesmo é sempre procurar o auxílio dos sommeliers ou dos vendedores especializados do estabelecimento que vão saber com detalhes a procedência, a estrutura e a idade ideal de consumo dos produtos que estão sendo oferecidos. De toda forma…#ficadica.