No início de junho aconteceu um evento incrível em Brasília para quem é fã de vinhos portugueses, especialmente daqueles oriundos da região do Douro. O evento em questão era o Porto & Douro Wine Tasting, ocorreu no Centro de Eventos Brasil 21 e foi organizado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) e produzido pela revista portuguesa Essência do Vinho.
Foram degustados vinhos de diversos produtores de renome, como por exemplo: Porto Ceremony, Quinta de La Rosa, Quinta do Noval, Wine & Soul, Quinta do Crasto, Messias, Duorum, Quinta do Vallado, Real Companhia Velha, Casa Ferreirinha & Sandeman, Porto Ferreira, Churchill´s, Alves de Sousa e Quinta do Portal.
Além disso, foi possível participar de duas Masterclasses bem interessantes conduzidas pelo jornalista e grande conhecedor de vinhos portugueses Alexandre Lalas, que, dentre outras experiências, foi editor de vinhos da revista Gula e atualmente colabora com a Revista de Vinhos – A Essência do Vinho. Etiene, valeu por me convidar para participar da Masterclass! 😊 Foi fera demais!
A primeira Masterclass foi sobre os vinhos do Douro, quando foram apresentados algumas informações sobre a região, características geográficas e climáticas, suas principais sub-regiões – Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior – e suas principais uvas tintas e brancas. Neste momento, foram degustados seis vinhos: Três Bagos 2014, Cedro do Noval 2014, Crasto Superior 2015, Quinta do Vallado Field Blend 2014, Manoella 2015 e Quinta da Gaivosa 2013 – Sem dúvidas, uma seleção de vinhos fenomenal!!!!Mas vou te dizer que o Quinta do Vallado, o Manoella e o Quinta da Gaivosa roubaram meu coração.
Primeiro vou falar do meu preferido: o Quinta da Gaivosa – 2013 – Produzido pelo Sr. Domingos Alves de Sousa da Alves de Sousa Porto&Douro Wines, é um blend das principais castas do Douro, Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinto Cão, entre outras e provém de vinhas com idades acima de 60 anos. A sua complexidade e intensidade aromática são incríveis. Apresenta notas de frutas negras, pinheiro, caramelo e a madeira aqui está em perfeita harmonia com as frutas e não sobressai em nenhum momento. Ao ser deixado na taça, seus aromas foram evoluindo, impressionante! Muito equilibrado com taninos finíssimos e acidez alta. O final é longo e é aquele tipo de vinho que a gente até arrepia quando degusta de tão bom. A safra é 2013, mas ele ainda pode amadurecer bem em garrafa. Aqui é possível encontrar toda aquela tipicidade de um bom vinho do Douro. É um vinho de alta qualidade!
Também gostei do muito do Manoella – 2015 – A primeira produção do Quinta da Manoella foi em 2010 e para quem não conhece, trata-se de de uma propriedade dos mesmos responsáveis pelo famoso Pintas (um dos meus preferidos de Portugal 😊). É uma pequena área de 60 hectares, sendo que somente 20 são destinados para plantação de vinhas. O restante é cercado pela mata o que mantém a umidade do local gerando vinhos frescos e elegantes. O vinho degustado é feito de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Francisca. Essa última uva eu não conhecia, uva muito delicada que tem pouca cor mas agrega acidez ao vinho, de acordo com o produtor, Jorge Serôdio Borges, que apresentou o vinho pessoalmente. Realmente é um vinho muito elegante e fresco, com alta acidez, taninos macios e muito agradável. No nariz, apresenta frutas vermelhas frescas e especiarias. O final é muito persistente. Uma delícia!
O Quinta do Vallado Reserva Field Blend 2014 foi outro que me surpreendeu! Neste vinho predominam as castas Tinta Roriz, Tinta Amarela, Touriga Franca e Tinta Barroca, no entanto, ele é feito com mais de 45 castas oriundas de vinhas com mais de 100 anos. Apresentou ótima estrutura, com taninos marcantes e acidez média alta. Boa complexidade aromática apresentando frutas negras e vermelhas maduras e tabaco. O final é longo e é um bom vinho para envelhecer em garrafa.
Masterclass
Agora vou falar um pouco dos vinhos que tive a oportunidade de degustar na Masterclass de Vinhos do Porto. Foram degustados o Churchill´s White Port Dry, Quinta do Noval Fine Ruby, Porto Messias 10 anos, Ceremony Tawny 10 anos, Alves de Sousa Porto Vintage 2015 e Duorum Porto Vintage Vinhas de Castelo Melhor 2009.
Meus olhos brilharam para esses aqui. Todos excelentes!
Os dois primeiros da foto são Portos Tawnys 10 anos e os dois últimos são Portos Vintages, 2009 e 2015 respectivamente.
Excelentes escolhas para a Masterclass de Portos. Confesso que dos Tawnys degustados, o Ceremony estava incrível, com muita complexidade, nozes, caramelo, alta persistência e boa acidez. E eu gostei demais do Alves de Sousa, que ainda pode envelhecer muito e tem ótima complexidade aromática, excelente estrutura, acidez alta e final muito longo. As notas de figo e ameixa me encantaram.
Estandes de Degustação
Agora sobre os vinhos que estavam sendo apresentados nos estandes de degustação. Me encantei com Duorum Reserva Old Vines 2012. Ótimo vinho, com boa estrutura e excelente intensidade aromática com frutas negras e a mineralidade típica do Douro. Vale a pena!
O balanço final do evento foi muito bom. A variedade e a qualidade dos vinhos estavam excelentes e os expositores tinham todas as informações necessárias. Foi possível perceber um certo contratempo com as taças dos vinhos, mas nada que não tenha sido resolvido pela equipe organizadora. No fim, tudo deu certo e foi uma tarde muito proveitosa e educativa. Foi possível aprender muito com grandes especialistas e produtores da região. E que venham mais eventos como esse em Brasília!
Colaborou com texto e fotos: Bianca Dumas (WSet 3 e ISG 2), do instagram @vinhobonzao