Ao ouvir uma menção aos vinhos fortificados, já pensamos em Portugal, não é mesmo? O país ibérico é um tradicional produtor deste tipo de bebida. E no quesito, dois deles desfrutam de bastante fama entre os apreciadores: o Porto e o Madeira. É comum a confusão entre eles, embora haja vários aspectos a diferi-los, que vão da região em que as uvas são cultivadas até as técnicas de envelhecimento. Porto e Madeira são vinhos diferentes!
O que é vinho fortificado?
Antes de mais nada, saiba que vinho fortificado é aquele que recebe a adição de um destilado, mais comumente de aguardente vínica, durante o seu processo de produção. Essa mistura interrompe a fermentação, tornando-a parcial, e faz subir o teor alcoólico. É disso que deriva a ideia de fortalecimento, pois o vinho preserva sua qualidade por longo tempo.
Porto e Madeira são diferentes na origem
A primeira, e fundamental, diferença entre os vinho do Porto e Madeira refere-se à região de cultivo das suas uvas. O Porto, que é envelhecido na cidade homônima e cercanias, utiliza as uvas do Vale do Douro, mais famosa região vinícola portuguesa. Por sua vez, o Madeira tem origem na ilha que leva esse nome e fica localizada entre os continentes europeu e africano, a 600 quilômetros do Marrocos. .
A acentuada diferença climática entre as duas localidades interfere diretamente nos cuidados da produção de cada um deles. A maturação das uvas é afetada por essas condições. Na ilha, predomina o cultivo em terras altas, com clima quente e úmido, ao passo que no Vale do Douro o verão é quente e seco e o inverno de baixas temperaturas.
As uvas de cada um
As castas de uvas Tinta Roriz, Franca, Tinto Amarela, Tinta Barroca, entre outras são as mais tradicionais na produção de vinho do Porto tinto. É bom ressaltar que há cepas de uvas brancas também. Já no caso do vinho Madeira, Tinta Negra Mole, Bastardo, Malvasia e Cercial estão entre algumas das uvas mais envolvidas no processo.
Mais ou menos açúcar
Porto e Madeira são vinhos diferentes também na quantidade de açúcar. Essa característica é determinada pelo momento em que a fermentação é interrompida para o incremento do destilado, a tal fortificação. Quanto menor o tempo de fermentação, mais doce resulta o vinho. Se ela for mais tardia, teremos uma bebida mais seca.
A maior parte dos vinhos do Porto costumam ter concentração de açúcar acima do Madeira, sendo assim mais doces.
Porto e Madeira são diferentes no envelhecimento
Enfim, temos o processo de maturação, que ocorre após a interrupção da fermentação e é mais um elemento a diferenciar esses dois gêneros de vinho. O envelhecimento do Madeira dá-se por meio do uso do calor, da mesma forma que ocorria em tempos antigos nas longas travessias oceânicas com destino às Índias.
Uma das formas utilizadas para isso é acondicionar o vinho em cubas de inox com aquecimento entre 45 e 50 graus. Essa condição é mantida por mais de três meses. O outro modelo de utilização do calor, restrito aos Madeira de mais qualidade, é o denominado “Canteiro”. Neste caso, os cascos são empilhados próximos ao telhado de armazéns. Nessas condições, beneficiam-se do calor acumulado pela estufagem e do clima subtropical predominante na Ilha.
Por sua vez, o envelhecimento do vinho do Porto também pode acontecer de duas maneiras distintas, em carvalho ou garrafa. No primeiro caso, o armazenamento dá-se por longo tempo, sendo engarrafados quando estão aptos ao consumo. É um método que resulta em vinho mais ácido e açucarado, com aromas mais complexos, como o Porto Tawny, pela evaporação que acontece na maturação em madeira.
Alguns vinhos do Porto, como o Ruby, envelhecem em garrafa por dois a três anos – um tempo curto para os padrões. Assim, quase não há contato com oxigênio, preservando boa parte das características originais.
Agora que você já sabe as diferenças, que tal degustá-los? E se fizer uma viagem a Portugal ou algum outro país estrangeiros de tradição vinícola, leia aqui as condições para trazer os vinhos na bagagem.