Você já ouviu falar no “vinho mais caro do mundo”? Assim, com essa definição, é anunciado o Royal Tokaji Essencia 2008, produzido na região húngara de Mád, localizada a 240km da capital do país, Budapeste. Com restritas 20 unidades, ele vem sendo comercializado pelo vultoso valor de US$ 40 mil (em torno de R$ 166 mil pelo câmbio atual).
A vinícola Royal Tokaji começou a fabricá-lo no ano constante em seu nome (2008) e vendeu até o momento 11 exemplares do pequeno lote. A bebida, que qualifica-se, por sua doçura, como vinho de sobremesa, tem prazo de validade até o distante ano de 2030. Portanto, pode ser degustada daqui a muitas gerações!
Por que é o vinho mais caro do mundo?
Mas, afinal, o que faz o vinho ter um valor que, a princípio, parece exorbitante? De acordo com a Royal Tokaji, a uva da qual ele deriva e o processo de fabricação específicos são os responsáveis pelo preço pouco convidativo. Além do mais, cada magnum do Royal Tokaji Essencial – garrafa de 1,5 litro, o dobro da tradicional – resulta da utilização de mais de 180 quilos de uvas, com os grãos todos colhidos à mão.
Ainda segundo as explicações da vinícola do país do leste europeu, as uvas da região de Mád são mais adocicadas. Para gerar o Royal Tokaji Essencia 2008, utiliza-se uma “técnica” batizada de “Podridão Nobre”. Assim, ainda nas videiras as uvas secam e ganhamo um aspecto enrugado que eleva o sabor ao momento da colheita.
Entenda a “Podridão Nobre”
Na “Podridão Nobre”, expressão que causa estranheza por soar paradoxal, as uvas são atacadas pelo fungo Botrytis Cinerea sem que ele consiga feri-las. ( É justamente o contrário do que acontece na “Podridão Cinzenta” que acarreta a formação de um mofo sobre a casca e altera a composição química da fruta, causando dano enorme para os vinhedos afetados.)
Em contrapartida, na “Podridão Nobre” o fungo age em condições climáticas particulares. A umidade, principal fonte de desenvolvimento da Botrytis Cinerea, cede espaço a sol e clima seco no período da tarde. Por isso, as uvas ficam com a casca permeável, perdem água (desidratação) e concentram açúcares. Ou seja, fornecem muito mais aromas e sabores.
A partir daí, consegue-se fazer ótimos vinhos de sobremesa. Além do Royal Tokaji Essencia 2008, temos os exemplos do húngaro Tokaji Aszú e dos franceses Monbazilac e Sauternes, ambos de Bourdeaux.
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O que são Puttonyos?
Uma outra curiosidade sobre vinhos oriundos da técnica da “Podridão Nobre” é o uso de pequenas cestas chamadas Puttonyos. Cada uma delas comporta 25 quilos de uvas e serve para transportá-las da colheita até as vinícolas.
Neste caso, os vinhos botritizados a partir dos Puttonyos são adicionados a um outro vinho branco seco armazenado em barricas com capacidade para 137 litros. A identificação do açúcar presente no vinho que se faz por essa mistura dá-se pela quantidade de Puttonyos: 1(25kg), 2 (50Kg), 3 (75Kg), 4 (100Kg), 5 (125Kg) ou 6 (150Kg) Puttonyos.
É esse o vinho húngaro que recebe o nome Tokaji. Porém, quando ele aparece identificado com a palavra “essência” no rótulo, como é o caso do Royal Tokaji Essencia 2008, temos o uso exclusivo de uvas botritizadas.
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