O setor lida com alta rotatividade, escassez de profissionais qualificados e desafios na retenção de talentos, demandando novas abordagens de gestão.
A falta de profissionais qualificados no setor de bares e restaurantes tem se tornado um desafio persistente no Brasil e tende a se intensificar nos próximos anos. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a taxa de rotatividade no setor ultrapassa 70% ao ano, uma das mais altas da economia. Atrair, capacitar e reter funcionários se tornou uma das maiores dificuldades para empresários do foodservice, que já enfrentam margens reduzidas e uma concorrência acirrada.
Para Marcelo Marani, autor do livro “Transforme seu restaurante em um negócio milionário” e fundador da Donos de Restaurantes, uma das principais escolas para empresários do setor na América Latina, a questão vai além da alta rotatividade. Ele aponta que a crise envolve a escassez de mão de obra qualificada, mudanças no perfil dos trabalhadores, o impacto das novas gerações e a falta de estratégias eficazes de retenção. Se nada for feito, a situação pode se tornar insustentável na próxima década.
A crise tem múltiplas causas, incluindo a ausência de programas de formação estruturados. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 80% dos profissionais que ingressam na área não recebem treinamento formal, o que afeta diretamente a qualidade do serviço e a eficiência operacional.
Além disso, a mudança nas expectativas dos trabalhadores tem impactado o setor. Muitos buscam maior flexibilidade e qualidade de vida, evitando jornadas longas e imprevisíveis, características comuns na área. A concorrência com outros segmentos que oferecem condições mais estáveis também dificulta a retenção de talentos.
Outro fator relevante é a falta de perspectivas de crescimento. Sem planos de desenvolvimento profissional, muitos veem o trabalho em restaurantes como uma opção temporária, o que reforça a alta rotatividade e impede a formação de equipes experientes.
Para enfrentar esses desafios, investir em treinamento contínuo se tornou essencial. Funcionários capacitados não apenas melhoram a experiência do cliente, mas também se sentem mais valorizados e propensos a permanecer no emprego. Criar planos de carreira estruturados também é uma estratégia eficaz, permitindo que colaboradores evoluam dentro da empresa e enxerguem oportunidades reais de crescimento.
A valorização da equipe por meio de benefícios, remuneração competitiva e um ambiente de trabalho positivo também faz diferença. Empresas que oferecem incentivos, como bonificações por desempenho e horários mais equilibrados, conseguem atrair e manter profissionais com mais facilidade.
Se o setor não se adaptar, a escassez de mão de obra qualificada pode comprometer a viabilidade de muitos negócios. Com o crescimento dos serviços de delivery e das dark kitchens, que operam exclusivamente para entregas, restaurantes tradicionais precisarão se reinventar para continuar competitivos.
A retenção de talentos e a capacitação profissional devem ser tratadas como pilares estratégicos para o sucesso dos negócios. Empresas que investem em cultura organizacional, boas práticas de gestão e qualificação conseguem crescer de forma sustentável, reduzir custos e se destacar no mercado.
Marcelo Marani, fundador e CEO da Donos de Restaurantes, tem mais de 25 anos de experiência no setor de alimentação e é reconhecido como um dos maiores especialistas em gestão e aumento de faturamento para restaurantes no Brasil. Com formação em Ciência da Computação e mestrado em Administração de Empresas, já treinou mais de 25 mil empresários em diversas capitais do Brasil, além de atuar em Portugal e na Argentina. Também é apresentador do programa “Café com Chef” na Band e host do podcast mais ouvido no Brasil para donos de restaurantes.
Leia também: Paninoteca apresenta pratos exclusivos no Restaurant Week