Estou em San Francisco, na Califórnia. Vou passar quase quatro meses por aqui. Vim para aprimorar o inglês (essencial para minha carreira na área de Comunicação Social) e, claro, vou aproveitar para aprender sobre os vinhos daqui. Afinal, estou há pouco mais de uma hora de distância do Napa Valley, o local que possui as terras vitícolas mais caras dos EUA e algumas das vinícolas com maior prestígio da Califórnia.
Bem, enquanto as aulas não começam, aproveito para conhecer melhor a cidade. Infelizmente, o câmbio não está favorecendo os brasileiros que estão no país a passeio ou a estudo. Eu, particularmente, paguei R$3,06 por dólar que trouxe. Além disso, tudo em San Francisco é caro. Na verdade, o local tem um dos custos de vida mais altos dos Estados Unidos.
No dia que cheguei, por exemplo, fui a um restaurante muito bom – o tradicional italiano Fior d’Italia – e paguei num Merlot simples da vinícola Beringer US$40, ou seja, quase o mesmo preço cobrado nos restaurantes do Brasil (ou até mais caro), ou seja, cerca de R$120. Confesso que saí até triste de lá…
Mas, a tristeza passou rapidinho porque San Francisco é uma cidade maravilhosa e cheia de novidades, locais e pessoas interessantes. O importante é a gente ter jogo de cintura e se adaptar. Então, depois que descobri os dois supermercados que vendem vinhos excelentes a preços maravilhosos tudo ficou perfeito de novo (rsrsrs!). Eles ficam pertinho do hotel onde estou hospedada em North Beach. Um deles é o Traders Joe e o outro é Safeway.
Resultado: todo dia passo lá pra ficar namorando os inúmeros vinhos (não só dos EUA, mas do mundo inteiro) e acabo comprando pelo menos uma garrafa para experimentar com o Guilherme. Por enquanto já foram três. Confiram o que bebemos:
– De Loach Pinot Noir Russian River Valley – Comprei esse vinho por US$22. No Brasil ele é vendido a R$120 – R$150. É de uma vinícola localizada num especial terroir (Russian River) de onde saem os mais espetaculares vinhos da Pinot Noir fora da Borgonha. A De Loach foca na pequena quantidade e na grande qualidade de seus Pinot e produz somente vinhos orgânicos e biodinâmicos. Esse exemplar é delicado e com aromas e sabores de frutas vermelhas com um leve toque de pimenta. O caramelo, típico dos vinhos de Russian River, também é notado nesse vinho. Na boca é bastante persistente. Gostei muito.
– Valley of The Moon Blend 41 Sonoma – Me atraiu por ser uma interessante mistura de Zinfandel,Syrah, Petite Syrah, Barbera e Sangiovese (esse último apenas 1%) para simular um “Super Toscano” – isso em homenagem às raízes italianas da vinícola. Vinho com taninos aveludados, notas de frutas negras maduras e sugestões de tabaco. A persistência, a intensidade e a acidez são médias – diferentes, portanto, de um “Super Toscano” de boa qualidade. Comprei esse vinho por US$19,90. Vi que no site da vinícola é vendido a US$30. Não tem importador no Brasil.
– Renwood Old Vine Zinfandel – Recentemente fiz um post falando sobre vinhas velhas ou old vines (veja aqui). Este, particularmente, é realmente elaborado com vinhas velhas. Inclusive, aqui na California é muito comum encontrar vinhas antigas de Zinfandel, que originam vinhos ricos e com muito corpo. Esse vinho aí obteve 91 pontos pela Wine Enthusiast e estava em destaque na prateleira do supermercado a US$19,99. Comprei meio desconfiada para conferir se o produto era bom mesmo e achei o seguinte: frutas negras maduras, especiarias, bom corpo e ótima persistência. É um vinho de teor alcoólico muito elevado (14,8%) e por se tratar de uma casta que não tem uma maturação uniforme do cacho inteiro, acaba lembrando um pouco um vinho fortificado – pois possui um ligeiro sabor de frutas ultramaduras e certo açúcar residual. Eu, particularmente, achei o exemplar interessante, mas posso antecipar que não é o tipo de vinho que vai agradar a maioria. Também não tem importador no Brasil.
Aguardem que vem muito mais posts interessantes sobre os vinhos da Califórnia por aí…Afinal, a estada em “Sanfran” só está começando…
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