Entrevista com Kaká Mello – Desafios e Sucesso em Garanhuns

Kaká Mello , proprietário da Vinícola Mello

Em uma conversa reveladora, o proprietário da Vinícola Mello, Carlos Mello ( Kaká ) , compartilhou detalhes sobre os desafios e conquistas de produzir vinhos em Garanhuns, no agreste de Pernambuco. Iniciada em 2021, a vinícola tem superado obstáculos para se destacar em um cenário não tradicional de produção de vinho no Brasil. Confira a entrevista :

Etienne Carvalho : Quais foram os principais desafios que a Vinícola Mello enfrentou em Garanhuns?

O maior desafio foi lidar com a expectativa do público local, que está mais acostumado a vinhos doces e de uvas de mesa. Nós trabalhamos apenas com uvas Vitis vinifera e vinhos secos, o que exigiu um tempo de adaptação para o mercado.

Etienne Carvalho : Quais uvas vocês cultivam na vinícola?

Atualmente, temos 7 hectares de vinhedos com uvas tintas como Malbec, Cabernet Franc, Merlot e Pinot Noir, além de uvas brancas como Chanamblan e Chardonnay. Este ano, também estamos plantando Sauvignon Blanc e Alvarinho.

Etienne Carvalho : Qual é a principal diferença entre os vinhos produzidos em Garanhuns e no Vale do São Francisco?

A principal diferença é a amplitude térmica. Em Garanhuns, a temperatura pode variar de 18 graus pela manhã a 30 graus durante o dia, o que é excelente para a videira. Essa variação e a altitude de 900 metros ajudam a produzir vinhos frescos e frutados.

Etienne Carvalho : Como funciona o ciclo de colheita em Garanhuns?

Seguimos o ciclo normal da videira. Colhemos as uvas brancas em janeiro e as tintas em meados de fevereiro. Temos algumas pancadas de chuva nessa época, mas elas não atrapalham o processo.

Etienne Carvalho : Quando foi a primeira colheita da vinícola?

Nossa primeira colheita foi em 2023. Ainda estamos em uma fase de vinhos jovens, mas já mostramos um grande potencial de guarda, com vinhos que podem envelhecer de 5 a 10 anos.

Etienne Carvalho : Como surgiu a ideia de fundar a Vinícola Mello?

A ideia veio da paixão do meu pai, Mário, que sempre nos incentivou a apreciar e compartilhar vinhos em família. Em 2021, decidimos transformar essa paixão em um projeto, enfrentando desafios para ter uma vinícola no agreste pernambucano.

Etienne Carvalho : Vocês tiveram receio em começar esse projeto?

Sim, houve um toque de medo, mas a vontade de fazer acontecer foi maior. Vimos potencial em Garanhuns e decidimos investir, especialmente após provar vinhos da região que nos mostraram que valia a pena.

Etienne Carvalho : Onde as pessoas podem encontrar os vinhos de vocês atualmente ?

Podem ser encontrados em Garanhuns, Recife, Maceió, e enviamos para todo o Brasil mediante contato direto.

Etienne Carvalho : O Pinot Noir de vocês já está pronto?

Ainda não. Vamos fazer a primeira colheita e produzir um rosé de Pinot Noir. Essa variedade se adaptou muito bem ao nosso terroir, apesar de ser uma uva de casca fina e mais delicada.

Etienne Carvalho : Alguma uva decepcionou na adaptação?

Felizmente, todas as uvas que escolhemos com a ajuda do nosso enólogo, Cristian Sepúlveda, se adaptaram bem. Isso reforça a importância de ter um bom enólogo em um projeto como este.

Etienne Carvalho : E quais são as perspectivas para Garanhuns como região produtora de vinhos?

Estamos confiantes de que Garanhuns se tornará um novo terroir de destaque no Brasil. Como nosso enólogo diz, não temos dúvidas de que o agreste pernambucano tem um potencial imenso.

Leia também – Entrevista com Ricardo Aleixo e o sucesso dos vinhos da Real Cave do Cedro

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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