Eventos da Decanter são sempre sinônimo de organização e ótimos vinhos e a II edição do Decanter Wine Day em Brasília não fugiu à regra. Pelo contrário. Realizada este ano em espaço aberto no Quality Hotel, o evento teve um charme extra que encantou as cerca de 400 pessoas que, com ingresso adquirido antecipadamente, passaram por lá no dia 05 de setembro.Tanto o Novo Mundo como o Velho Mundo foram muito bem representados pelos mais de 90 excelentes vinhos disponíveis para degustação em uma noite super agradável, embalada por música instrumental de qualidade. E, ao final do evento, todos os rótulos foram comercializados com mais de 40% de desconto. Ponto positivo para a equipe da Enoteca Decanter da 208 Sul que organizou tudo!
Explosão de sabores – Logo na entrada, todo mundo recebeu um Guia de degustação com o nome, a procedência e o preço de todos os vinhos disponíveis. O mais caro deles era o Icono 2008 da Luigi Bosca (R$495,92) e, logicamente, foi um dos mais requisitados. Sem dúvida, um vinhaço argentino bem intenso e complexo por ser produzido com vinhas velhas de baixíssimos rendimentos de Malbec e Cabernet Sauvignon provenientes de Luján de Cuyo. Sem dúvida, um vinho com explosão de sabores (frutas negras, ameixas, cassis e madeira). Na minha opinião, esse vinho pode aguardar um pouco mais de tempo para ser apreciado com todo o potencial que tem para oferecer. Afinal, segundo indicações do próprio produtor, o Icono 2008 pode envelhecer por 25 anos, e esse ainda está com apenas seis aninhos…
Meus favoritos – Dentre os que tive oportunidade de experimentar, vou revelar os três que mais me agradararam nessa II edição do Decanter Wine Day: selecionei um espumante, um tinto e um de sobremesa (lamentavelmente não experimentei nenhum branco – nem mesmo os badalados Rieslings da Alemanha. Fica pra próxima!). Vou começar elogiando o espumante Ferrari Maximum Rosé (R$194,10), elaborado com Pinot Noir (60%) e Chardonnay (40%). Sem dúvidas, um belíssimo exemplar de espumante fresco e vibrante, com deliciosos aromas de frutas vermelhas, principalmente notas de morango. Ressalto que apesar de rosado, não teve final adocicado, e não ficou nem um pouco enjoativo, como equivocadamente, alguns poderiam imaginar. Por ser elaborado pelo método tradicional e ter contato de 24 meses com as leveduras, apresentou leve tostado no final e me encantou bem mais do que os outros espumantes da mesma marca que também estavam sendo servidos no evento.
Vinho Tinto – o Quinta da Gaivosa (R$252,40) foi o tinto que superou minhas expectativas. Sabia que se tratava de um excelente vinho, mas ainda não tinha tido a oportunidade de apreciá-lo. Pra quem não sabe, esse vinho do Douro leva mais de 60 castas em sua composição, entre elas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinto Cão, Touriga Nacional, Tinta Amarela, Rufete e outras tantas dezenas. Com bastante persistência no nariz e na boca, ele me ganhou pela complexidade e pelos aromas de tabaco e especiarias e, em especial, pelos toques de pimenta e cravo. Realmente excepcional. Pena que não é barato, mas acredite: é daquele que deve ser degustado pelo menos uma vez na vida – nem que por mera curiosidade.
Vinho Doce – A grande revelação da noite foi o italiano Marsala Superiore Riserva 10 Anni (R$279) – um vinho ma-ra-vi-lho-so! A título de esclarecimento, o Marsala é um delicioso vinho fortificado da Sicília que serve tanto para aperitivo como para sobremesa, mas sobretudo para reflexão como o Porto, Jerez e Madeira. Quem bebe um Marsala não esquece, mas esse da Marco de Bartoli é realmente complexo (muitas frutas secas, em especial amêndoas, confitados e um toque de oxidação bem interessante) e de uma persistência no nariz e em boca que realmente impressiona. Aproveitei os deliciosos queijos e frios que estavam sendo servidos e fiz uma harmonização básica por contraste com um belo pedaço de Grana Padano…pensa em algo divino!!!!
Personalidade cobiçada – Este ano a presença do sommelier oficial da Decanter, Guilherme Corrêa abrilhantou ainda mais o evento. O Guilherme possui os títulos de bicampeão brasileiro pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) e de melhor sommelier da América Latina pela Alianza Panamericana de Sommelier (APAS), ambas filiadas à Association de la Sommellerie Internationale (ASI). É, sem dúvida, uma das pessoas que mais entende de vinhos no Brasil. Não é à toa que foi a pessoa mais cobiçada da festa. Enófilos, fãs, curiosos, enfim, todos queriam conversar com ele, tirar alguma dúvida, pedir opinião sobre algum vinho ou, simplesmente, tirar uma foto. Eu também tietei o Guilherme e tirei a foto aí do lado junto dele. Inclusive, fui ex-aluna do Guilherme Corrêa no nível 3 do Wine and Spirits Education Trust (WSET), e tive a incrível oportunidade de comprovar seu profundo conhecimento (teórico e prático) na área do estudo do vinho e de aprender um pouco com ele que, além de tudo, é super humilde. Ah! E embora ele resista, alegando que no momento a família seja sua prioridade (especialmente porque quer acompanhar o crescimento do filho) quero deixar registrado aqui que a torcida é grande para que ele seja o próximo Master of Wine do País, ao lado de Dirceu Vianna Júnior, o único brasileiro que possui o título até o momento. Afinal de contas, requisitos para isso não faltam… SOCIAL – Confira mais fotos do evento acessando o Facebook do Blog Vinho Tinto. Clique aqui.