Casal lidera missão internacional de promoção de rótulos que nascem no berço do vinho no mundo, conduzindo, em setembro, masterclass em cinco capitais brasileiras, além da Wine South America.
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Após visitarem mais de 100 países em busca dos melhores vinhos do planeta, André Baader (Brasil) e Karla Baader (Guatemala) estabeleceram residência na República da Geórgia em 2023. Como wine-hunters – caçadores de vinhos – o casal decidiu aprender ‘in loco’ a história do berço do vinho no mundo e hoje fazem a curadoria e seleção dos melhores rótulos georgianos para o mercado brasileiro. Conhecidos como ‘Locorpovino’ no Instagram, eles se preparam para retornar ao Brasil para a Wine South America, feira que acontece de 3 a 5 de setembro em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, além de masterclasses que serão realizadas nas sedes da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) nas cidades de Florianópolis, Rio de Janeiro, Goiânia, Recife e Fortaleza.
“Nossa curadoria é focada em um trabalho que guia o setor vitivinícola georgiano para elaborar rótulos que atendam ao paladar brasileiro, sem deixar de lado a tradição do processo milenar de vinificação da Geórgia. Além disso, abastecemos produtores e consumidores com informações relevantes, despertando o interesse em apreciar estes vinhos emblemáticos e complexos”, explica Baader. Ele acrescenta que esses vinhos estão entre os mais potentes e gastronômicos do mundo, entregando tanino, acidez e bom teor alcoólico, elementos essenciais para vinhos de guarda.
André e Karla, ambos chefs, trocaram o fogão e as panelas por garrafas e taças. Essa busca incessante pelos melhores vinhos do mundo levou o casal de sommeliers a morar em lugares remotos como Alaska e Hawaii, além de acumularem experiência voluntariando em vinícolas na Itália, Turquia, Alemanha e Portugal. À frente da organização desta missão internacional inédita da Geórgia no Brasil, eles contam com o apoio da Agência Nacional de Vinhos Georgianos. “Estaremos com o estande Wines of Georgia na Wine South America, além de conduzir uma masterclass na feira para quem deseja conhecer de perto o perfil dos vinhos georgianos. Será uma oportunidade única. Também estaremos conduzindo as masterclasses nas cinco capitais entre os dias que estivermos com a comitiva no Brasil”, celebra. A dupla especialista em vinhos georgianos tem mais de 500 rótulos catalogados no portfólio, um trabalho reconhecido pela Embaixada Brasileira em Tbilisi. Com esse amplo conhecimento, eles atuam, por exemplo, com a Wine7, pioneira na importação dos vinhos georgianos desde 2017, atendendo distribuidores em todo o Brasil. A importadora representa diversos vinhos selecionados pelo casal.
Para quem tem interesse em ter algumas dessas preciosidades em sua loja, o contato é pelo Instagram, no @locoporvino.
Mais sobre os vinhos da Geórgia
Os vinhos âmbar georgianos, similares aos vinhos laranja, são outra joia que enchem a nação de orgulho. Elaborados a partir de uvas brancas, geralmente da variedade Rkatsiteli, são vinificados como tintos, porém em Qvevri (grandes recipientes de barro – ânforas – usados para a fermentação, armazenamento e envelhecimento do vinho tradicional georgiano). André explica que os vinhos feitos na Geórgia apresentam sutilezas como a porcentagem de casca e polpa utilizada na produção, que varia em cada região (de 20 a 100%). “O uso ou não do engaço no Qvevri, o tempo de contato do vinho com as cascas (de 2 a 8 meses), e o residual de açúcar dependem de cada vinícola. Essas nuances produzem vinhos totalmente diferentes. Você pode provar infinitas variações de vinhos georgianos elaborados com a mesma uva. É aí que entra nosso trabalho: selecionar os vinhos voltados ao paladar brasileiro”.
Pouco divulgados em livros e raramente mencionados em cursos de sommeliers, nem mesmo no WSET, esses vinhos são pouco conhecidos. “Estamos falando do primeiro país do planeta a fazer vinhos e que, ainda hoje, utiliza o método milenar em Qvevri, registrado pela Unesco como patrimônio intangível, sendo os únicos produtos não alimentícios no mundo a terem Indicação Geográfica protegida. Um dos motivos desse distanciamento é que a produção desses vinhos sofreu durante o período soviético. Tudo era dominado pelo governo, que produzia vinhos em grande escala – doces e industriais –, para atender o mercado russo. Após a queda da União Soviética, os Maranis (vinícolas familiares) voltaram para as mãos das famílias. Assim, a tradição foi retomada e hoje os vinhos georgianos estão no radar de especialistas do mundo todo.
Existem vinhos com registros arqueológicos de 8.000 anos atrás, sendo a Geórgia, oficialmente, o país berço do vinho, o local mais antigo a se encontrar resquícios de vinificação. O Saperavi é um dos vinhos mais antigos do mundo e está se tornando uma das importações de crescimento mais rápido dos Estados Unidos, conforme reportagem exibida na CBS.
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