Por ser super conceituada em todo os Estados Unidos pela produção dos seus vinhos Merlot, aproveitei o passeio ao Napa Valley para visitar e conhecer melhor a Duckhorn. A vinícola tem quase 40 anos e, ao longo de sua existência, devido ao apreço dos seus donos – Dan e Margareth Duckhorn – pela uva Merlot, acabaram focando a tradição da empresa na produção de vinhos varietais ao estilo Bordeaux ( Pomerol e Saint Emilion).
Bem, ao chegar na vinícola me surpreendi com tudo. Pra começar, o local é lindo e aconchegante. Está situado em Santa Helena (1000, Lodi Lane), onde também estão alguns de seus vinhedos (há outros localizados em seis microclimas diferentes do Napa).
A casa da propriedade é bem bonita e em sua aconchegante varanda são realizadas as degustações. O local é rodeado por um charmoso jardim. Sinceramente, é tudo muito especial.
Degustação – Eu já havia experimentado alguns dos rótulos da Duckhorn durante o evento American Wine Show promovido em São Paulo pela importadora Smart Buy Wines (relembre aqui), mas durante essa degustação na sede da Duckhorn no Napa – com muuuuita calma e inspirada pela belíssima paisagem – confesso que meus sentidos ficaram muito mais apurados…
…e vou confessar uma coisa: degustei um Sauvignon Blanc, dois Merlots, dois Cabernet Sauvignon e um blend e foi muito, mas muito difícil mesmo, eleger o melhor vinho. Realmente, o nível de qualidade e excelência de todos foi algo que me chamou a atenção. Se eu tivesse que definir esses vinhos em uma única palavra eu escolheria: “elegância” para caracterizá-los de forma genérica.
Veja o que degustei e minhas breves notas:
Sauvignon Blanc 2013 – Esse vinho, mesmo rotulado como varietal, possui 16% Sémillon e, consequentemente, ganhou mais complexidade e textura. Muito elegante, fresco e com aromas de melão, maracujá e lima. Ótima acidez.
Merlot 2011 Stout Vineyard – As uvas desse vinho provêm de uma das regiões (Howell Mountain) mais conceituadas do Napa para vinhos ultra-premium. Esse particularmente tem 78% Merlot e 22% Cabernet Sauvignon. É um vinho complexo, com final de boca bem prolongado. Frutas vermelhas e notas minerais acentuadas.
Merlot 2011 Atlas Peak – As uvas desse Merlot são cultivadas em Atlas Peak onde a temperatura pode ser 10 graus mais fria do que no sopé do vale, necessitando de mais tempo para amadurecer. Esse vinho particularmente é fantástico. Groselha, ameixa, além de leves toques minerais e de especiarias. Um vinho dos EUA com notório estilo Velho Mundo.
Cabernet Sauvignon Patzimaro Vineyard 2011 – Gostei muito desse exemplar, particularmente. Ele vem de um local com altas temperaturas diurnas que ajudam a amadurecer as uvas e com noites bem frias que permitem reter a acidez natural da uva necessária para vinhos equilibrados, elegantemente estruturados. É um misto de frutas vermelhas e negras com toques terrosos (divino!!!). Taninos bem integrados e final prolongado.
Cabernet Sauvignon 2011 Howell Mountain – Assim como o Merlot, esse Cabernet de Howell Mountain também é excelente. Esse é realmente feito pra guarda por sua complexidade. Misto de frutas negras e até um toque amentolado, além de pimenta negra. Taninos firmes, mas bem integrados.
The Discussion 2010 Blend – Esse merece um destaque especial. Digamos que foi “o melhor dentre os melhores” (decisão difícil). Aqui cada garrafa dele sai por US$135 e vale cada dólar investido. Muito complexo mesmo: grafite, violeta, mirtillo, ameixa, pimenta. Possui também taninos bem macios e toques minerais . Estagiou 26 meses em barrica de carvalho francês o que conferiu mais elegância ao exemplar. Resumo: nada sobrou e nada faltou nesse vinho que é feito do blend dos melhores vinhos da vinícola: 85%Cabernet Sauvignon, 5% Merlot, 5% Cabernet Franc e 5% Petit Verdot.
Curiosidade Importante – Em três dos seis rótulos degustados apareceu no rótulo o termo Estate Grown. Para quem não sabe, esse é um termo de extrema importância e regulado aqui nos Estados Unidos por legislação específica. Na verdade ele significa que o vinho respectivo foi produzido a partir de uvas de vinhas de propriedade de quem o engarrafou. Significa, portanto, que a vinícola possui o controle de todo o processo de produção de vinho, desde o cultivo das uvas até o engarrafamento da bebida. Por aqui não é muito comum encontrar esse termo estampado em muitos rótulos, pois a grande maioria das vinícolas precisa comprar uvas para suprir sua produção ou para produzir vinhos de vários terroirs distintos.