O Vale dos Vinhedos, referência pioneira no enoturismo brasileiro e a primeira região a obter Denominação de Origem (D.O.) para vinhos e espumantes no país, alcançou mais um marco inovador. Durante a Mercopar 2024, em Caxias do Sul, foi apresentado o projeto-piloto Origem RS, que une rastreabilidade e tecnologia blockchain, permitindo que os consumidores acompanhem todas as etapas de produção de vinhos certificados pela D.O.
As vinícolas Dom Cândido e Pizzato Vinhas e Vinhos foram as primeiras a implementar a novidade, fruto de uma parceria entre a Aprovale (Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos), o Sebrae-RS e o iCoLab – Instituto de Colaboração em Blockchain. O projeto promete redefinir a experiência do consumidor e abrir novas oportunidades de negócios. “Assim como aconteceu com a Indicação Geográfica, o blockchain precisa ser bem comunicado para que o público compreenda seus benefícios e a importância dessa inovação”, afirmou Jaime Milan, consultor técnico da Aprovale.
A tecnologia blockchain funciona como um banco de dados descentralizado e seguro, onde as informações são registradas em blocos criptografados e imutáveis. Segundo Sandra Marlene Heck, vice-presidente do iCoLab, essa inovação traz vantagens como redução de custos, privacidade com transparência, e eficiência operacional, além de permitir a “tokenização”, que habilita novos modelos de negócios.
Com essa tecnologia, cada garrafa recebe um QR code que direciona para um NFT (certificado digital inviolável), onde estão registradas todas as etapas da produção — desde a origem do solo e as características da uva até a documentação exigida pela Aprovale. Para Vicenzo Goelzer, procurador da Dom Cândido, a tokenização fortalece os valores da vinícola. “Estamos nos tornando uma das primeiras vinícolas do mundo a tokenizar. Isso oferece ao consumidor a confiança e a transparência que ele merece ao escolher um produto certificado”, destacou.
Além de garantir autenticidade, a rastreabilidade dos rótulos inaugurará uma nova forma de consumo. “Quando falamos em D.O., falamos em cultura engarrafada. O blockchain permite transmitir, além do sabor, uma experiência intelectual do vinho, valorizando o terroir e a tradição da região”, explicou Goelzer.
O sócio-diretor e enólogo-chefe da Pizzato, Flavio Pizzato, reforçou a importância da tecnologia para a excelência dos vinhos .
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