A Artesana Winery é uma das 18 integrantes da “Los Caminos del Vino”, associação que trabalha pela promoção do enoturismo nos departamentos de Montevidéu, Canelones, Maldonado e Rivera no Uruguai. Foi mais uma das vinícolas que conheci e, claro, gostaria de compartilhar aqui um pouco do que aprendi e também da minha experiência por lá.
A propriedade fica no distrito de Las Brujas, Canelones, há pouco mais de 30km ao norte de Montevidéu. Possui 8, 5 hectares de vinhedos e vinifica por ano, em média, 30 mil garrafas. O processo de vinificação é todo realizado em um galpão de, aproximadamente, 300m2. Lá também acontecem o estágio em barricas (em cave específica), a rotulagem e o empacotamento das garrafas. Tudo de forma artesanal, como numa autêntica vinícola boutique.
Rodeando o galpão, existe uma varanda decorada com mesas e sofás bem rústicos. A paisagem apreciada dali é tão linda e tranquila que é perfeita para abrir uma garrafa de vinho e degustar sem pressa, apenas “mirando” o campo e os vinhedos que são realmente encantadores.
História
A vinícola tem pouco mais de nove anos. Foi fundada em 2007 por Blake Heinemann, um norte-americano que contratou duas jovens enólogas – Analia Lazaneo e Valentina Gatti – para produzirem vinhos premium (leia-se: de qualidade!) com a finalidade de exportá-los exclusivamente aos Estados Unidos. No decorrer do projeto houve algumas mudanças de plano e, hoje, a exportação acontece não só para os EUA, como também para o Canadá, Alemanha, Inglaterra e Brasil. Além disso, há uma grande distribuição para o mercado uruguaio. Atualmente, Blake visita a vinícola apenas uma vez por ano. Na prática, quem comanda a Artesana são as mulheres – das enólogas, que administram o empreendimento e fazem os vinhos, às ajudantes, que empacotam, etiquetam, distribuem, limpam etc.
Conhecendo a Artesana de perto
Quem me recebeu no local foi a enóloga Analia Lazaneo. Com um largo sorriso e uma simpatia ímpar, ela me apresentou cada detalhe da pequena vinícola. Ficaram evidentes, o zelo, a dedicação e o apreço pelo trabalho que desenvolve. Na Artesana, somente são produzidos vinhos em reduzidos lotes e de maneira bem rigorosa. “Se não temos uvas de qualidade, simplesmente, não produzimos vinho”, afirmou consciente.
Também conheci o mini laboratório da vinícola. Ali, tanto Analia como Valentina passam horas estudando detalhes técnicos de suas produções. Se há qualquer dúvida, elas remetem as análises a laboratórios maiores para as conclusões serem reapreciadas. Enfim, são realmente detalhistas.
Vinhedos
Em seguida, fomos ver os vinhedos de perto, ocasião que fiquei sabendo que metade da produção da Artesana é de uva Tannat; 35% de Zinfandel e o restante dividido entre Cabernet Sauvignon e Merlot.
O dia estava belíssimo e agradável e, mesmo em época de poda, a vinha estava bela. Algumas cepas, inclusive, já insisitiam em brotar, deixando o momento ainda mais especial para mim.
Zinfandel
A Artesana é a única vinícola uruguaia que cultiva a uva Zinfandel e produz o vinho varietal e de corte com a cepa, sem dúvidas, uma nota característica da origem norte-americana da empresa. Por uma série de razões, no Uruguai, não é uma uva fácil de se produzir (como é na Califórnia, por exemplo) mas, segundo Analia, em razão do microterroir de Las Brujas, a experiência vem dando certo. “Com certeza, é muito mais trabalhoso produzir Zinfandel no Uruguai do que Tannat. Mas esta é a graça”, conclui com um sorriso de quem adora encarar desafios.
Degustação
Depois seguimos para a sala de degustação, no mezanino do galpão onde os vinhos são elaborados. Com um vista maravilhosa para os vinhedos provamos os vinhos: Tannat Rosé 2016, Zinfandel Rosé, Tannat/Zinfandel/Merlot 2013, Tannat 2015, Tannat/Merlot 2013 e até um Zinfandel 2011. Todos muito especiais.
Apesar de o corte Tannat/Zinfandel/Merlot (750 pesos uruguaios) ser o vinho ícone da casa, foi o Tannat 2015 o que mais me agradou. Apenas 8 mil garrafas produzidas. 100% tannat, envelhecido 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. A cor era púrupura intensa e os aromas de frutas vermelhas frescas com notas de baunilha e côco. Na boca, tinha também algumas notas picantes e taninos macios. Não era o mais caro (350 pesos uruguaios), nem o mais famoso, porém, para mim, foi o vinho mais especial. Bem equilibrado. Gostei!
Depende do referencial
Durante a visita, tive a oportunidade também de experimentar com exclusividade um Rosé de Tannat (200 pesos uruguaios), diretamente da barrica. Um vinho bem interessante. Potente e complexo e de nuance escura se comparado aos leves, florais e claros Rosés de Provence; por outro lado, um vinho leve, fresco e claro se comparado ao estruturado, intenso e escuro Tannat tinto. Adorei a experiência. É aquela história do “tudo depende do referencial”… degustar, comparar e tirar suas próprias conclusões…Adoro!
No Brasil os vinhos da Artesana Winery são comercializados pela enoeventos.
Contato direto ou por Agência de Turismo
Além dos bons vinhos, a Artesana está preparadíssima para receber os turistas. Lá é possível participar de almoços, degustações especiais, classes de cozinha e até do projeto “Enólogo por um dia”. Os interessados podem entrar em contato direto com a vinícola ou fazer como eu fiz, visitar a Artesana, por meio de uma agência de enoturismo, no caso a Senderos del Tannat, que me possibilitou organizar o meu tempo melhor para poder conhecer outras vinícolas da região.
Mais fotos da Artesana (Fotos: Guilherme Penchel/Tratamento: Claudio Cabrito)
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