Nomeada por ser um dos maiores fluxos migratórios da história, a imigração italiana ocorrida no final do século 19 é o pano de fundo de “Legado Italiano”, documentário da diretora Marcia Monteiro que estreia no dia 19 de novembro. Produzido pela Camisa Listrada, em coprodução com Globo Filmes, GloboNews e Celeiro Produções, o longa será distribuído pela Lança Filmes em formato on demand (locação digital) pelo site exclusivo www.legadoitaliano.com.br.
Sobre o longa-metragem
Com cenários no Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha e Vale do Caí) e no norte da Itália, “Legado Italiano” revisita, em 84 minutos, os 145 anos da imigração italiana para a Serra Gaúcha e os inúmeros legados deixados ao longo desse tempo. Uma verdadeira colcha de retalhos formada, entre outros, por temas como a religiosidade, a música, a gastronomia, a arquitetura, a indústria, o talian e o vinho, abordados a partir dos relatos dos descendentes de imigrantes da região.
O legado no Brasil
No Rio Grande do Sul, as filmagens ocorreram nas cidades de Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Nova Pádua, Pinto Bandeira, São Sebastião do Caí e Vila Flores. Cada uma evidencia um dos temas desenvolvidos no filme.
Bento Gonçalves é o berço da vitivinicultura e do enoturismo da região, onde vinícolas criadas pelos primeiros imigrantes se mantêm até hoje. É onde se encontra o Vale dos Vinhedos, a primeira Denominação de Origem de vinhos do Brasil.
Conhecida como a Capital Brasileira do Espumante, Garibaldi e seu interior guarda alguns tesouros, como a chamada Estrada do Sabor. Em Garibaldi, foi desenvolvido, em 1913, o primeiro espumante brasileiro, que hoje se tornou a bebida ícone do Brasil.
Farroupilha representa a fé, o grande esteio desses imigrantes. A Romaria de Nossa Senhora de Caravaggio, realizada anualmente, há 141 edições, expressa toda a potência e o significado da religiosidade nessa região de colonização italiana. Já em Carlos Barbosa a equipe conheceu gente que não trabalhava com a uva e com o vinho, pois a cidade trilhou outros caminhos para seu desenvolvimento, como o turismo rural, que deu voz e empoderamento para muitas pessoas do lugar por meio de roteiros como L’Amore di Colônia e Recanto Bergamasco.
E foi em Flores da Cunha onde nasceu Angelo Giusti, compositor da letra de “La Mérica”, conhecida popularmente como “Mérica Mérica”, decretada em 2005 como o hino oficial da colonização italiana no Estado do Rio Grande do Sul. Essa musicalidade é tão presente que um dos atrativos turísticos da cidade recebeu o sugestivo nome de Compassos da Mérica Mérica, no qual cada propriedade visitada tem um totem com um refrão da música.
Caxias do Sul é palco das principais indústrias metalúrgicas que foram de fundamental importância na produção de material bélico durante a Segunda Guerra Mundial, da qual Brasil e Itália fizeram parte. E traz a Festa da Uva, sua grande bandeira, criada em 1931 numa tentativa de evolução da vitivinicultura brasileira. A celebração tornou-se uma tradição do município e é realizada até hoje.
A pequena Monte Belo do Sul, com sua pracinha e casas antigas preservadas, é lar de uma família de tanoeiros, profissão milenar que tem se tornado cada vez mais rara. E através de pai e filho conhecemos um pouco dessa arte de produzir os barris onde o vinho é armazenado. Em Nova Pádua, o cooperativismo, um grande marco da região, é representado por uma família que está na quarta geração de cooperativados.
Após cruzarem o Oceano Atlântico por mais de 40 dias, os imigrantes italianos ainda tinham uma longa viagem pela frente até chegarem à sua sonhada colônia. De Porto Alegre, seguiam em um barco menor até o último ponto navegável do Rio Caí. São Sebastião do Caí representa o importante rio e seu porto, que recepcionava os imigrantes com destino ao que hoje conhecemos como Serra Gaúcha.
Foram mais de 90 entrevistados no total. “O senhor Remy Valduga, por ser uma fonte inesgotável de conhecimento, me alimentou com informações e histórias. Ele me ofereceu seu livro “Sonho de Um Imigrante”, em que conta a trajetória de seu antepassado para América, descrevendo com riqueza de detalhes desde a saída de Terragnolo, no Trentino, na velha Itália, até sua chegada e sua vida na Serra Gaúcha. E foi graças à tradução deste livro para o italiano, realizada por seu primo Luigi Valduga, que lá naquela região muitas pessoas tomaram conhecimento da existência desse pedacinho da Itália na Serra Gaúcha. Pois, na Itália, a história da imigração para o Brasil não é muito conhecida”, enfatiza Marcia.
“Legado Italiano” tem produção e produção executiva de André Carreira, direção de fotografia de Elton Menezes e Dandy Marchetti e montagem de Pedro Vinícius. A trilha sonora original é assinada por Mú Carvalho, com violoncelo de Jaques Morelenbaum. Queremos ver, né?