Participar da vindima (colheita das uvas) é uma experiência inesquecível – tanto para amantes de vinho (como eu), como para aquelas pessoas que, simplesmente, amam viajar e procuram participar de atividades turísticas que fujam à rotina.
O momento fica ainda mais especial, quando é realizado em uma vinícola aconchegante, administrada por uma família de descendente de italianos, composta por pessoas simples, simpáticas e extremamente hospitaleiras – caso da Cainelli – onde tive a sorte de participar de uma programação toda especial para celebrar a vindima 2020.
A Cainelli está localizada na Serra Gaúcha, em Tuiuty, mais especificamente na rota turística do Vale do Rio das Antas – não tão conhecida como o Vale dos Vinhedos – mas repleta de atrações interessantes como pousadas, cachaçaria, cervejaria, restaurantes e outras vinícolas (a Salton, por exemplo, também se encontra nesta rota que fica a 15 minutos do centro de Bento Gonçalves-RS).
História da Cainelli
A história dessa vinícola teve início em 1875 quando imigrantes italianos da família chegaram ao Brasil com mudas de videiras da Itália e o sonho de uma vida melhor em terras brasileiras. Em 1929, a vinícola foi fundada e passou a produzir vinhos coloniais por 40 anos. No entanto, por questões administrativas, fechou as portas na década de 70.
Em 2004, o viticultor Roberto Antonio Cainelli, integrante da família, decidiu reabrir a vinícola. Hoje, ao lado do filho Roberto Cainelli Júnior (enólogo) e da esposa Bete (que se auto denomina “enoentusiasta”) decidiram voltar a elaborar vinhos (artesanais e finos) a partir das próprias uvas.
Até participar do evento, não conhecia nem a vinícola nem seus vinhos. Encontrei referências extremamente positivas no Trip Advisor quando procurava na internet passeios pela Serra Gaúcha durante a vindima. Amei tê-la encontrado e super recomendo. Abaixo vou narrar um pouquinho da experiência que tive por lá 🙂
A vindima
Antes de a vindima começar, quem recepcionou o grupo na vinícola foi a Bete, o Roberto e o Nei Tomasi. A Bete contou um pouco da história da família e ressaltou o quão importante foi o trabalho dos antepassados para a Cainelli ser hoje uma realidade. Depois da recepção, todos seguem a pé para os parreirais acompanhados do Bruno Cainelli, que fez pausa para explicar detalhes sobre o ciclo da videira.
No caminho, as placas chamam atenção dos visitantes. É impossível não parar para tirar fotos.
O parreiral que visitamos era da uva Bordô, feita para produzir vinhos simples, de mesa – os famosos “vinhos coloniais”. Nesse momento, quem quer realmente quer colocar a mão na massa, pode pegar uma cesta de vime para auxiliar no trabalho e dar início à colheita. Já quem prefere apenas tirar fotos pode aproveitar para comer as uvas debaixo das parreiras ao som de música italiana típica entoada pelas nonnas (avós) da região. “É um momento de descontração cujo objetivo é retratar uma vindima de verdade”, explica Bruno.
Merendin
Para completar a experiência e chegar bem perto da realidade vivida pelos colonos italianos, é servido o merendim – o tradicional lanche italiano servido em meio às videiras durante a época da colheita. Nesse momento, além de polenta feita na hora, tortas com geleia de uva, cuca, pães, embutidos e queijos também é servido o tradicional vinho colonial.
“Wine-Tucs”
Depois de duas horas nos vinhedos, chega a hora de retornar à vinícola. Para encerrar o passeio com chave de ouro a volta é feita em wine-tucs – carretinhas agrícolas que transportam as uvas e as pessoas – Com muita alegria e descontração os integrantes da família Cainelli dirigem o veículo, cantando e fazendo muita graça!!! É muito divertido!
Pisa das uvas na Cainelli
Após a colheita, um dos momentos mais incríveis do passeio acontece: a pisa das uvas. Para quem nunca teve esta experiência, recomendo demais, além de divertida é uma verdadeira terapia!!!!
Fim do Passeio
O passeio se encerra com degustação dos vinhos finos da Cainelli.
Nesse momento, também é possível fazer uma visita ao museu da vinícola. Na casa comprada em 1929 é possível regressar ao passado e sentir na pele como era a vida dos imigrantes italianos.
Nem preciso dizer que amei a experiência, né? O bom foi saber também que além da vindima, que somente acontece anualmente de janeiro a março, a Cainelli oferece outros programas interessantíssimos de enoturismo, como picnics, happy-hour e muitos outros. Confira preços e datas acessando o site da vinícola.
Fotos: Cláudio Cabrito
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