Além de pequi, Goiás também produz vinhos!

Blog Vinho Tinto participa de degustação de vinhos goianos
Degustação vertical dos vinhos goianos Intrépido e Bandeiras

Tive a oportunidade de participar de uma degustação vertical (mesmo rótulo de diferentes safras) de vinhos tintos finos do Vale dos Pireneus (GO) na Associação Brasileira de Sommeliers de Brasília. Foram dois os vinhos degustados: o Bandeiras e o Intrépido, das safras 2010, 2011 e 2012 (deste último ano, os vinhos servidos na degustação foram retirados diretamente da barrica de carvalho onde estão estagiando). Gostei da experiência e, mais ainda, de ter conhecido pessoalmente o empresário Marcelo de Souza, o dono da ideia de transformar a Serra dos Pireneus, localizada a 100 quilomêtros de Brasília, em um pólo vinícola do país.

Blog Vinho Tinto participa de degustação vertical de Intrépido e Bandeiras
O médico e empresário Marcelo de Souza explica a elaboração dos vinhos do Pireneus na ABS-Brasília

Um visionário – Marcelo de Souza é médico otorrinolaringologista e um apaixonado por vinhos. Considerado um visionário por muitos, ele já investiu 1 milhão de reais no projeto que desenvolve há quase 10 anos. Apesar de nunca ter tido nenhuma experiência na área,  acredita que o investimento vai trazer bons frutos em um futuro próximo.

Atualmente, comercializa algumas de suas garrafas produzidas com uvas colhidas em 2010 e em 2011. Nos quatro hectares de terra do Vale dos Pirineus pertencentes ao médico, são quatro os tipos de uva encontrados: Sangiovese, Syrah, Tempranilo e Barbera, todas trazidas da Itália. Segundo Marcelo, as condições da Serra dos Pirineus são ideais para a produção dessas uvas por apresentarem boas variações de temperatura entre o dia e a noite, sem incidência de calor extremo. “Assim como algumas regiões vinícolas da França”, compara entusiasmado o médico criador do selo Pireneus Vinhos e Vinhedos.

Rótulos goianos – O Bandeiras é produzido com 85% da uva Barbera, 10% Tempranilo e 5% Sangiovese, o da safra 2010 já ganhou o título de melhor tinto na categoria “outras uvas” do Anuário de Vinhos Brasileiros, do Instituto Brasileiro do Vinho, e também foi apontado pela revista Prazeres da Mesa como um dos cem melhores tintos do mundo. O vinho possui cor rubi com toques violáceos e, é apresentado, no contra-rótulo da sua versão 2011, com aromas intensos de frutas escuras e tostados, além de acidez refrescante e final de boca longo e agradável. Já o vinho Intrépido é produzido a partir de uvas Syrah e é apresentado como um vinho com sabor de frutas vermelhas com toques de especiarias como cravo e pimenta.

Blog Vinho Tinto degusta vinhos goianos
Empresário Marcelo de Souza ladeado (à esq.) pelo Vice-Presidente da ABS, Juan José Verdesio, e (à dir.) por Etiene Gomes, editora do Blog Vinho Tinto

Minhas impressões  – Experimentei os dois vinhos (Bandeira e Intrépido) de três safras distintas (2010, 2011 e 2012). Particularmente, e a despeito de todas as notas e honrarias recebidas, considerei o Bandeiras, de um modo geral, com taninos um pouco agressivos, apesar de ser produzido basicamente por uma uva que em sua origem (Itália) não apresenta características tão adstringentes. No caso do Intrépido, achei que as notas de especiarias típicas da Syrah (uma das minhas uvas prediletas) não ficaram tão evidentes por conta de um ligeiro desequilíbrio entre acidez e taninos. Em suma, acho que os vinhos da Serra dos Pireneus têm muito a evoluir para chegarem ao equilíbrio apresentado por bons vinhos franceses, por exemplo. De toda forma, quero deixar registrado meu respeito por pessoas corajosas e obstinadas como o Dr. Marcelo de Souza. Com o auxílio de bons enólogos, tecnologia, paciência e persistência, acredito que, dentro de alguns anos, os vinhos do Vale dos Pireneus possam, realmente, surpreender muita gente e representar bem nosso país mundo afora.

Onde encontrar – Quem quiser experimentar, os rótulos estão à venda em Brasília – DF, na Adega Baco, na Decanter  e no Restaurante Dom Francisco. O valor do Bandeiras gira em torno de R$85,00 e do Intrépido, R$68,00. Em Anápolis e Goiânia os vinhos podem ser encontrados nos melhores restaurantes da cidade.

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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