Muito provável que a grande maioria dos apreciadores de vinho no Brasil, se perguntados sobre regiões vinícolas daqui irão falar na hora de Bento Gonçalves, do Vale dos Vinhedos (Serra Gaúcha), Campanha. Outros ainda irão citar regiões em Santa Catarina. Lembrar de alguma região de Minas Gerais já será raro. Agora, se alguém falar Bahia ou Pernambuco, com certeza receberá alguns olhares confusos. Mas saiba que há sim, regiões vinícolas lá, em uma local conhecido como o Vale do São Francisco!
Para se ter uma ideia da sua relevância, em 2010, a IBRAVIN constatou que essa era a principal região produtora de vinhos tropicais no Brasil, apresentando cerca de 10.500 hectares de vinhedos, distribuídos nos estados de Pernambuco e Bahia e responsável por 99% das exportações de uva de mesa pelo Brasil. Nesta localidade, estão localizadas vinícolas como ViniBrasil, Garziera, Botticelli, Bianchetti e Terrenova do Grupo Miolo.
O Vale do São Francisco está situado nos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. É uma região drenada pelo rio São Francisco e seus afluentes. Esta é a segunda maior região produtora de vinho do Brasil, movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano e abastece cerca de 15% do mercado interno com aproximadamente 8 milhões de litros de vinho por ano.
Com o clima sempre quente e seco, o Vale do São Francisco oferece uma experiência única dentro do universo enológico: cada planta resulta em duas safras ao ano. O manejo das videiras e a sua irrigação artificial através das águas do Velho Chico resultam em vinhos mais frutados, devido ao alto índice de exposição solar, o que também produz uvas com alto nível de açúcar.
Outra característica bastante incomum dessa região é sua localização. As grandes produções de vinho em todo o globo ocorrem basicamente em duas regiões, ou linhas isotérmicas, com climas semelhantes. Elas se encontram aproximadamente entre os paralelos (latitude) 40 a 50 Norte e entre 30 a 40 Sul.
O Vale do São Francisco se encontra no paralelo 8 sul. Bem longe da zona de conforto dos produtores de vinho. Fora dessas linhas isotérmicas, a produção conta com mais estudos e tecnologia permitindo que a planta se desenvolva durante todo o ano, não estando condicionada à sazonalidade como em outras regiões tradicionais no mundo. Devido a dificuldade, o custo também aumenta. Além disso, um problema encontrado pelos produtores da região, é resistência do público interno em relação a produtos nacionais.
Além dos vinhos, a região investe cada vez mais no enoturismo, havendo diversas atrações e atividades na área como passeios de barco, almoços harmonizados e o próprio Rio São Francisco.
Então, fica aqui a dica para os apreciadores e curiosos para aproveitar a região e visitar as vinícolas para conhecer de perto a produção da bebida, além de degustá-las, poder comprar direto da fonte e conhecer de perto um Syrah, Cabernet Sauvignon, Moscatel, Chardonnay, Sauvignon Blanc ou Silvaner.
Vinhos Tropicais
De acordo com o site da Embrapa, são vinhos produzidos em latitudes mais baixas, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. São obtidos de uvas produzidas em regiões nas quais é possível mais de um ciclo anual da videira, com uma ou mais colheitas por ano, em condições naturais.
Essa nova geografia do vinho está estabelecida em vários países em diferentes continentes. Na América do Sul, destacam-se o Brasil e a Venezuela, Peru e Equador. Na Ásia, os principais produtores são Myanmar, Tailândia, Índia, Indonésia e Vietnã. Etiópia, Gabão, Quênia, Namíbia e Tanzânia representam a África; e a Polinésia Francesa, representando a Oceania.