Aproveitando o clima de Copa do Mundo, resolvi ler um pouco mais sobre o primeiro adversário do Brasil no campeonato – a Croácia – e descobri que o país, além de ser o destino turístico mais cobiçado pelos europeus no momento (por ter belas praias e paisagens), é também uma região que possui tradição vitivinícola (de uvas e vinhos) de mais de 2500 anos. Satisfeita com a novidade, resolvi procurar lojas ou sites que vendessem os vinhos croatas para eu fazer um post aqui no Blog.
Infelizmente, não encontrei muitas opções, pois, no Brasil, apenas a Enoteca Decanter importa esses vinhos. No entanto, a loja traz o que há de melhor na Croácia para as terras brasileiras. São dois vinhos tops produzidos com uvas autóctones (típicas da região): um branco Posip 2008 (R$264,40) e um tinto Plavac Mali 2007 (R$338,60), cujos nomes, na verdade, são os mesmos das uvas que os compõem. Ambos, inclusive, são feitos pela moderna vinícola Korta Katarina, considerada uma das melhores da Croácia e também do leste europeu.
Posip 2008: apreciado na hora certa – Esse vinho dourado com mesclas esverdeadas já impressiona na taça. De estilo voluptuoso e bem encorpado apresenta uma riqueza de sabores. No nariz, mostrou aromas de pêssego e flores brancas. Na boca, as características olfativas se repetiram com mais intensidade e foram aliadas a uma certa untuosidade (creio que ocasionada pela fermentação em barricas de madeira) e uma evidente mineralidade. Apresentou também boa persistência. Por se tratar de um vinho branco de 2008, creio tê-lo apreciado no momento ideal, no qual sua acidez ainda dá suporte para mantê-lo vivo e equilibrado. Por isso, aconselho: ao comprá-lo, aprecie-o logo. Se quiser harmonizar o vinho, sugiro peixes mais carnudos para acompanhar.
Plavac Mali 2007: fugindo do tradicional – Boa parte da Croácia produz vinho branco, mas a região da costa dálmata tornou-se um bem-sucedido local para a nativa tinta Plavac Mali (variedade ligada à uva Zinfandel, também conhecida na Itália por Primitivo). Eu realmente me encantei ao degustar esse vinho: muito original nos aromas e nos sabores é ideal para quem bebe vinho com frequência e quer apreciar algo que fuja do tradicional. O vinho, de cor rubi profunda, apresentou imensa complexidade no nariz: frutas vermelhas e negras maduras, especiarias, ervas e folhas secas que lembram chá. Sabores realmente interessantes com toques exóticos, eu diria. Com alta graduação alcoólica (15,5%), o vinho exigiu ser resfriado um pouco mais do que o habitual para reforçar a intensidade das frutas e equilibrar a força do álcool. A boa acidez e os taninos macios ajudaram a dar equilíbrio à bebida. Confesso que percebi pouca semelhança com o típico Zinfandel da Califórnia, que normalmente é mais doce e menos herbáceo. Talvez tenha me lembrado um pouco mais um bom Primitivo di Manduria, com muita pigmentação e notas de especiarias doces e ervas secas.
Preço justificado – O preço alto dos vinhos (que também é relativamente caro lá fora) tanto no branco como no tinto, deve-se ao fato de ser considerado na Croácia Vrhunsko Vino, ou seja, Vinhos de Qualidade Superior. Tanto no Posip como no Plavac Mali as uvas que os compõem são colhidas manualmente e a sua produção é totalmente natural, com cada videira produzindo quantidade limitadíssima: 1kg para o tinto e 1kg e meio para o branco.
Em alguns países como Inglaterra e Estados Unidos, os vinhos da Croácia já são conhecidos e estão disponíveis nas melhores cartas. Com o ingresso desse país na União Europeia em novembro de 2013 espera-se que as importações dos vinhos croatas aumentem e que, belos exemplares, como o Posip e Plavac Mali da Korta Katarina se espalhem pelo o resto do mundo, inclusive pelo Brasil. Em Brasília, quem quiser experimentar os vinhos da Croácia podem adquiri-los na Enoteca Decanter (SQS208 – Bloco A – lojas 16 a 20). Para quem mora em outros estados, os vinhos podem ser adquiridos pelo site da empresa.