Confraria Franciscana: Vinhos do Rhône marcam a primeira reunião do ano

Texto: Rafael Costacurta (do Blog garrafeira.bar)
A Confraria Franciscana não pára! Apesar das ausências da turma da Art du Vin, os confrades se reuniram na penúltima sexta de janeiro para começar os trabalhos em 2015. Decidiu-se previamente que o Rhône seria o tema da primeira edição, o que me deixou satisfeito, pois gosto muito dos vinhos feitos por lá.
Confraria Franciscana: Vinhos do Rhône na primeira reunião do ano
Confraria Franciscana realizada no restaurante Dom Francisco da 402 Sul (Brasília)
A região possui dezenas de subdenominações, e não era a nossa intenção fazer nada muito técnico. Cada um traria o que achasse conveniente. Portanto, era de se esperar que muitos estilos e  subdenominações ficassem de fora, ainda mais com os altos preços de nomes como Hermitage e Côtie-Rôtie
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Vinhos do Rhône foi o tema da primeira reunião do ano
Para quem quer saber mais, a sempre disponível Wikipedia tem um artigo bem informativo (Côtes du Rhône AOC),  mas deixo aqui o link em inglês, pois a página ainda não foi traduzida  para o português. Se alguém se animar de encarar a empreitada, eu ajudo :-).
Obs: No final da descrição de cada vinho vou colocar uma referência à nota dada no guia de vinhos do *Hugh Johnson* à safra do vinho que bebemos. Ex: **HJ 2012**: 7-8
Cave Geisse Extra Brut
O Encontro começou com um Espumante Cave Geisse, que estava muito fresco e gostoso. Foi ótimo para abrir o apetite!
Cave Geisse Extra Brut para abrir o apetite
Cave Geisse Extra Brut para abrir o apetite
 Jaboulet Aîné “Secret de Famille” Viognier
O primeiro Rhône do dia foi um Viognier bem interessante. Bem cremoso e com um leve toque de pêssego e bem aveludado.
Viognier do famoso produtor Jaboulet Aine
Viognier “cremoso e aveludado” do famoso produtor  Paul Jaboulet Aine
Font de Michelle Confraria Franciscana: Em seguida veio um Châteauneuf branco, que eu nunca havia bebido. Um vinho sério, com características que consideradas típicas dos brancos do sul Rhône: são cremosos na boca e com um leve toque amargo que gosto muito.  Geralmente espera-se que a acidez seja a temática predominante de um branco, contudo é sempre um prazer para mim quando encontro propostas diferentes, e os brancos do Rhône são uma amostra dessa diversidade.
**HJ 2011**: 6-8
Um Chateauneuf típico e sério
Um Châteauneuf típico, mas sério
Andre Perret Saint-Joseph 2008
O primeiro tinto foi um Saint-Joseph que eu achei incrível! Nunca tinha bebido nada daquela região e não sabia exatamente o que esperar.  Saint-Joseph é uma sub-região do Norte do Rhône que está passando por uma renascença.  Novos produtores surgindo e antigos vinhedos estão sendo recuperados. E serve como uma alternativa aos sempre caros Syrahs de Côte-Rôtie, Hermitage e Cornas e etc… Essa garrafa estava muito elegante, leve, delicado mas ao mesmo tempo intenso, me lembrou até um “Borgonha”! Foi uma ótima surpresa.
**HJ 2008**: 6-7
Saint Joseph: elegante, leve e frutado como um "Borgonha".
Saint Joseph Andre Perret: elegante, leve e delicado como um “Borgonha”.
Jaboulet Aîné “Domaine de Thalabert” Crozes Hermitage 2003
Na próxima garrafa havia uma excelente Crozes Hermitage. Muito intenso, elegante com toques de tabaco e frutas secos. Um grande vinho de uma safra classificada como mediana no norte do Rhône. Na minha opinião, o vinho estava no auge com seus 11 anos e meio de idade. A garrafa foi aberta na hora certa!
**HJ 2003**: 5-7
Um Crozes Hermitage aberto na hora certa!
Um Crozes Hermitage aberto na hora certa!
Fond Croze “Cuvée Romanaise” Côtes du Rhônes Villages 2010
Um Côte du Rhône carnudo, intenso, cheio de frutas negras e com um estilo mais moderno, este vinho gerou polêmica no encontro. Como vínhamos de uma sequência de dois tintos mais tradicionais e tínhamos acabado de beber um vinho com 11 anos e meio de idade, toda intensidade e jovialidade do vinho casou uma estranheza inicial. De maneira alguma este foi um vinho ruim, a proposta é muito boa e visitando o site do produtor percebe-se que se trata de uma pequena vinícola focada em qualidade. Foi um erro ter servido este vinho na posição em que foi servido, na minha opinião ele deveria ter sido o primeiro tinto da degustação. A safra 2010 no sul Rhône foi classificada como muito boa, e esse vinho certamente vai ganhar muito com mais uns 2 anos na garrafa.
A própria Etiene, tem um post aqui no Blog sobre esse vinho, vale a penar ler aqui.
**HJ 2010**: 8-9
Domaine Fond Croze Vinho polêmico de estilo moderno
Domaine Fond Croze Cuvée Romanaise: Vinho de estilo moderno que causou polêmica
 Marc Sorrel Crozes Hermitage 2010
A partir daqui as coisas ficaram meio nebulosas para mim. Como tantos vinhos bons acontecendo, eu não quis apenas “degustar” os vinhos. Então não pude avaliar adequadamente as últimas duas garrafas, pois meu paladar já estava bem adormecido pela quantidade de vinhos e comidas deliciosas que nos estavam sendo servidos. Nas minhas anotações, classifiquei este vinho como “Mineral”. Achei que ele ainda estava um pouco fechado. E, certamente, este vinho precisa de mais algum tempo para mostrar seu potencial.
**HJ 2010**: 8-9
Crozes Hermitage 2010:
Crozes Hermitage Marc Sorrel 2010: classificado como “mineral” e pode evoluir mais
Chateau de La Gardine Côtes du Rhône Villages 2010
Por final, um Côtes du Rhône austero, com toques terrosos mas como presença de frutas vermelhas.
**HJ 2010**: 8-9
Um vinho austero com toque de frutas vermelhas
Chateau de la Gardine: Um vinho austero com toque de frutas vermelhas
Nessa confraria tivemos três vinhos de 2010, parece ser uma safra em que está havendo boa oferta aqui no Brasil, o que é bom, pois foi uma boa safra na região do Rhône. Parece uma boa hora para investir nesses vinhos.
Três safras de 2003:
Degustamos três safras de 2003: considerada uma boa safra na região do Rhône
E Foi isso, mais uma reunião muito produtiva. Tem sido sempre uma prazer participar desses encontros, e que 2015 seja cheio deles!

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Quem Sou

Sou jornalista especialista em vinhos e em comunicação digital. Sou sommelier Fisar e diretora da Associação Brasileira de Sommeliers do DF. Possuo qualificação Nível 3 (Wine Spirit Education Trust) e o Intermediário do ISG. Também tenho certificado em vinhos franceses (FWS) e vinhos californianos (CWAS).

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