Esta semana fui apresentada formalmente aos vinhos da chilena e premiadíssima Viña Montes em uma degustação para jornalistas especializados em enogastronomia, organizada pela Mistral no restaurante Rubayat em Brasília. História, técnicas de vinificação e viticultura e, claro, avaliação dos vinhos integraram a pauta do encontro muito bem conduzido pelo enólogo da vinícola, Bernardo Trancoso, com o apoio da gerente de exportação, Sonia Montanares.
Montes Sparkling Wines
A noite começou com a apreciação do espumante Montes Sparkling Wines. Um espumante Brut feito 70% com Pinot Noir e 30% com Chardonnay pelo método tradicional, o mesmo de Champanhe. A bebida passou 36 meses em contato com as leveduras. Particularmente, achei o resultado interessantíssimo. Em terra de espumantes premiadíssimos como o Brasil, vender o Montes Sparkling Wines tende a ser um desafio, mas acredito que terá boa aceitação por aqui pelas seguintes razões: apesar do longo tempo de contato com as borras, a refrescância supera o sabor e o aroma intenso das leveduras, também possui um final de boca com leve adocicado, o que agrada o paladar brasileiro. Além disso, tem boa relação preçoxqualidade quando comparado aos grandes espumantes produzidos no Brasil. Custa: R$190.
Linha Outer Limits
Em seguida, tive a oportunidade de conhecer toda a linha de vinhos Outer Limits da Viña Montes. Vinhos sensacionais, de vinhas de baixo rendimento provenientes de terroirs extremos. Vinhos de autor, elaborados para um público seleto e já iniciado no mundo do vinho, eu diria. Produtos resultantes da chamada “enologia sem fronteiras”. Exemplo, o Pinot Noir (R$233) e o Sauvignon Blanc (R$190) produzidos em Zapallar Coast (no Valle de Aconcagua) a apenas 7km da Costa do Pacífico, únicos vinhedos plantados no local. Um verdadeiro desafio. Destaque para o Pinot Noir, que realmente me impressionou muito. Elegante, de cor e aromas intensos e boa complexidade. Me lembrou os Pinots de Russian River, na Califórnia.
Em Apalta (Colchagua), num bosque milenar em ladeiras de 45 graus estão as plantações de Carignan, Grenache e Mourvedre de onde surge o corte CGM da linha (R$277) e nos vinhedos de Itata, no deserto chileno, estão as videiras velhas de Cinsault, que redescobertas hoje produzem vinhos frutados, expressivos e com características selvagens – algo bem difícil de descrever, mas fácil de perceber ao apreciá-lo.
Linha Montes Alpha
Montes Alpha foi o primeiro vinho premium produzido no Chile, em 1987, e até hoje continua espetacular. Já foi eleito o “melhor Bordeaux chileno” pela revista Decanter. Ano após ano consegue manter-se concentrado, mas refinado, com frutas maduras e elegante. E o melhor, com bom custoxbenefício para os dias de hoje: R$153,00. Experimentei o Cabernet e o Malbec da linha. Em termos de qualidade os dois empataram. No quesito estilo, algo mais particular, o Malbec venceu.
Ícones Viña Montes
Os vinhos ícones Viña Montes são provenientes de uvas dos melhores vinhedos da vinícola e são reconhecidíssimos em todo o mundo. O Purple Angel que experimentei, da safra 2012, é um carménere excepcional sem aqueles toques herbáceos dominantes da cepa que, particularmente, não me agradam (a pirazina). É um vinho diferenciado, complexo, de final longo, cor ímpar e excelente estrutura. R$594.
Para encerrar a degustação, um superpremium! O Montes Alpha M feito com50% Cabernet Sauvignon, 10%Cabernet Franc, 5% Petit Verdot e 5% Merlot. Este que bebi, da safra 2011, foi considerado um clássico por Parker que lhe atribuiu 94 pontos. É vinho que merece ser apreciado por todos aqueles amantes da bebida. Extremamente potente, mas sem agredir, persistente, com taninos firmes, um vinho de estrutura ímpar realmente e de peso significativo em boca e de elegância marcante, resultante de sua maturação de 18 meses em carvalho francês. R$749. O preço é salgado, mas não se comparado a alguns Bordeaux que, com certeza, superaria em um degustação realizada às cegas.