Comecei 2015 apreciando um Icewine do Canadá da marca Inniskillin, reconhecido internacionalmente com um dos grandes vinhos do mundo. Nada mal, não é mesmo? O vinho foi um presente que minha mãe trouxe de uma viagem àquele país e que guardei para abrir em uma ocasião especial. Elaborado à base da uva Vidal, o Icewine, ou na tradução literal “vinho do gelo”, é na verdade um vinho de sobremesa com alto teor de açúcar, elaborado a partir da desidratação de uvas que foram congeladas na videira. O sabor? Algo inexplicável! Para mim, uma mistura de manga, mamão, lichia e até doce de batata-doce. Mas, sem dúvida, uma bebida muito especial, originalíssima e extremamente saborosa. É um vinho muito indicado para acompanhar frutas frescas, creme bruleé, patês e queijos finos azuis. Mas, confesso que eu gostei mesmo foi de apreciá-lo sozinho e com muita calma.
Magia do inverno – Na verdade, o Icewine pode ser considerado um verdadeira magia do inverno ou um presente desta estação do ano para os amantes de vinho. Foi desenvolvido originalmente nas regiões frias da Europa (na Alemanha, por exemplo, é chamado Eisewein), mas na Península do Niágara e no Vale do Okanagan, no Canadá, encontrou condições climáticas ideais para ser feito com perfeição. Por lá, em outubro, as uvas já encontram maturação plena, mas ficam nas videiras até o seu completo congelamento, algo que acontece em dezembro ou no início de janeiro, já no inverno canadense. Depois de completamente congeladas, essas uvas são colhidas manualmente quando a temperatura no vinhedo cai para -8°C o que garante um nível de açúcar ideal (a colheita ocorre normalmente à noite) e, em seguida, são levadas para a prensagem (separação do sólido e do líquido) que ocorre num processo contínuo e sempre a temperaturas iguais ou inferiores a -8°C Celsius.
Mosto concentrado – Durante a prensagem todo os cristais de gelo ficam na prensa e os açúcares e outros sólidos que não congelaram formam um mosto muito mais concentrado, que resulta numa menor quantidade de vinho (entre 10 e 15% do normal), mas em compensação, muito mais doce e com elevada acidez. Um dado relevante: as uvas, o mosto e o vinho não podem ser refrigerados artificialmente em nenhuma fase desse processo, exceto no tanque de refrigeração durante a fermentação ou estabilização a frio antes do engarrafamento.
Preço – Devido ao baixo rendimento do ‘vinho do gelo’, o produto é comercializado principalmente em garrafas de 375ml ou de 200ml, com o preço médio em torno de 50 dólares. No Brasil, o Icewine da Inniskilin pode ser encontrado na todovino.com porR$375. A Wine.com também comercializa um Icewine canadense da Cave Spring que sai a R$280. (Ah! Existe também a versão nacional do Icewine, produzida em Santa Catarina pela vinícola Pericó, que sai por R$200. (Quem sabe num futuro próximo esse Icewine nacional também mereça também um post por aqui, não é mesmo?)
Sobre a Inniskillin – A empresa Inniskillin é uma das mais renomadas na fabricação do Icewine canadense e foi quem primeiro lançou o produto no Canadá de forma intencional e comercial em 1984 sob a direção do austríaco Karl Kaiser. Mas o primeiro ‘vinho do gelo’ canadense foi produzido no Vale Okanagan, na Columbia Britânica, pelo imigrante alemão Walter Hainle em 1972. Em termos internacionais, o grande lançamento do Icewine canadense aconteceu em 1991, quando o Vidal de 1989 da Inniskillin ganhou o “Grand Prix d’Honneur”, na Vinexpo, em Bordeaux.