Curiosíssima e repleta de expectativas, paguei US$60 pela degustação de uma taça do Opus One, na vinícola que leva o mesmo nome, localizada em Oakville – área vitivinícola extremamente nobre e reconhecida pela produção de ótimos Cabernet Sauvignon no Napa Valley. O Opus One, pra quem não sabe, é considerado mundialmente um dos melhores blends da Califórnia, cujos idealizadores – em 1979 – foram os famosos Robert Mondavi (homem que ajudou a mudar a história dos vinhos da Califórnia) e o Barão Philippe de Rotschild (reconhecido por produzir o Bordeaux Chateau Lafite, um dos mais caros vinhos do mundo).
Primeira impressão da Opus One
A Opus One tem uma sede muito bonita e moderna, mas quando entrei, confesso que me assustei um pouco porque estava bem cheia (Acho que imaginei que pelo preço as visitas seriam mais restritas, mas devido à fama do vinho o local estava repleto de curiosos). Na verdade, fiquei meio incomodada com o balcão pequeno e apertado, e com a maneira com que os vinhos eram apresentados aos clientes – tudo muito rápido. Não considerei o atendimento nenhum um pouco coerente para quem desembolsa U$60 para degustar apenas uma dose de um vinho.
Terraço da vinícola
Só fiquei mais feliz depois de saber que eu podia subir com a taça cheia para o terraço da vinícola. Local onde é possível apreciar uma belíssima paisagem e tirar fotos bem interessantes.
Avaliação do vinho Opus One
Mas sei que você está curioso mesmo para saber o que achei do Opus One, não é mesmo? Então, vamos lá. Degustei o 2009 – um blend de Cabernet Sauvignon 81%, Cabernet Franc 9%, Petit Verdot 6%, Merlot 3% e Malbec 1% – sem dúvidas, um vinho fantástico: redondo, integrado, taninos bem aveludados, frutas negras, toques de tostados e especiarias e uma ótima persistência. Não sobrou álcool, não sobrou acidez, não sobrou doçura e os taninos não amargaram no final. Mas não sei, infelizmente, não me surpreendeu! Me pareceu equilibrado demais, ajustado demais, perfeitinho demais. Não costumo fazer nenhum tipo de patrulha ideológica quando analiso vinhos, mas depois de beber o “Opus One” tive a impressão de que a bebida era como uma pessoa incrivelmente maravilhosa, mas toda esculpida à base de cirurgia plástica…Enfim, achei que a tecnologia surpreendeu, mas faltou algo que prezo muito, conhecido como “expressão do terroir“, ou seja, expressão real das características do solo, do clima, da topografia do local onde as uvas são cultivadas.
Menos é mais –
Pra ratificar minha impressão, tive a curiosidade de perguntar quantas garrafas do Opus One 2009 haviam sido produzidas. “21mil cases”, me afirmou a mocinha do balcão com um sorriso no rosto (tão feliz como se estivesse me dando uma ótima notícia, inclusive). Fiz minhas continhas e cheguei à conclusão de que mais de 300 mil garrafas do Opus One 2009 haviam sido elaboradas. Mais uma vez fiquei desapontada. Afinal, quando o assunto é vinho sempre acho que a máxima “menos é mais” deve prevalecer. Enfim…
Deguste também
De toda forma, não sou radical a ponto de afirmar que não se deve gastar comprando um Opus One. Ao contrário. Se tiver oportunidade, deguste-o e tire suas próprias conclusões. Tente encontrar razões para justificar o valor da compra (US$225 a garrafa nos EUA e cerca de R$1800 no Brasil) porque, sinceramente, eu não encontrei.
Visitas
E se você estiver pelo Napa Valley e quiser visitar a vinícola lembre-se que o horário de funcionamento do local é das 10h às 16h e é que é necessário agendar a visita antes pelo site. Ah! Uma vantagem (ou desvantagem…rsrsrs) da degustação é que você pode compartilhar a sua dose de US$45 ou US$60 com outras pessoas que te acompanharem na visita ao local.