A apresentação de quatro casos de sucesso e o mercado cada vez maior do espumante brasileiro foram destaques no encerramento da Envase Brasil, na tarde e início da noite de 29 de abril, em Bento Gonçalves (RS). Temas como logística de distribuição e o cenário econômico que aponta retração no consumo das famílias também foram mostrados para contextualizar as perspectivas futuras do mercado de bebidas.
Falando de Vinho e Espumante
Com apoio do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o tema Falando de vinho espumante, dentro do programa Envase Experience, foi introduzido pelo presidente da feira, Vicente Puerta, que enfatizou a parceria entre a feira e o setor desde o início, nos anos 1990.
Adolfo Lona, sócio e enólogo da Vinhos e Espumantes Adolfo Lona, fez um resgate histórico da elaboração de espumantes no Brasil. Argentino, radicado no Brasil há 43 anos, ele destacou as excelentes condições do terroir das principais regiões produtoras brasileiras e a consequente adaptação de variedades emblemáticas na elaboração da bebida: Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico e Merlot. “O brasileiro se identifica com o espumante por ser uma bebida alegre e descontraída. Nasceram um para o outro”, enalteceu. Lona mostrou alguns dados estatísticos que apontam o crescimento de cerca de 10% ao ano, em média, na venda da bebida. “O brasileiro confia na qualidade do espumante nacional e o futuro é brilhante se continuarmos a elaborar ótimos produtos”.
O empresário Valter José Pötter apresentou o case da Guatambu Estância do Vinho, localizada em Dom Pedrito, na região da Campanha Gaúcha. Pötter destacou que, no início do projeto, há cerca de uma década, o foco principal eram os vinhos tintos, que encontram ótima condição de solo e clima na Campanha, mas que a elaboração de espumantes com cortes diferentes, ótima qualidade da matéria-prima e cuidados na vinificação, formaram as condições ideais para a produção de espumantes. “Hoje, os espumantes representam mais de 50% das nossas vendas”, ilustrou. O empresário citou ainda outros atrativos como o enoturismo e a preocupação com a sustentabilidade por meio do uso de energia solar.
Daniel Dalla Vale, diretor técnico de Enologia do Grupo Famiglia Valduga, fez uma apresentação mais técnica sobre a elaboração da bebida e finalizou com dados que mostraram a evolução da produção no grupo. Atualmente, 65% da produção do grupo é voltada para os espumantes. “É o que chamamos de consagração do terroir brasileiro. Vimos no espumante a possibilidade de termos um mercado melhor, com maiores volumes e maior valor agregado”, destacou.
Philippe Mevel, diretor de produção da Chandon do Brasil, apontou a marca como o principal ativo da empresa que fincou pé no País há 40 anos, no município de Garibaldi, na Serra Gaúcha. Com produção voltada apenas à bebida desde 1998, Mevel deu ênfase à parceria com os viticultores que fornecem grande parte da matéria-prima como um dos trunfos para o obtenção de ótimos produtos. “Tudo começa no vinhedo. Se não tivermos uvas de qualidade as coisas não acontecem lá na frente”, disse. Para isso, segundo ele, a empresa auxilia com financiamento de mudas e acompanhamento técnico, além de remuneração justa pela uva recebida.
O diretor de relacionamento da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), Rogério Oliva, mostrou as oportunidades de negócios no canal indireto. Entre as vantagens apresentadas, Oliva citou a capilaridade, por ter representatividade em 27 estados. De acordo com o dirigente, são mais de 1 milhão de pontos de venda atendidos no País por meio de distribuidores e atacadistas.
Fonte: Ibravin
Fotos: Gilmar Gomes