Recentemente estive em uma degustação destinada a difundir os vinhos do Tejo. (Para quem não sabe, Tejo é o principal rio português e também o nome de uma região ribeirinha produtora de vinhos em Portugal). O evento, chamado criativamente de “Caravana do Tejo“, por ser itinerante, foi organizado pelo sommelier português José Santanita. Em Brasília, onde participei, contou com o apoio da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) local.
Vinhos de qualidade – A região do Tejo já foi conhecida por produzir vinhos em quantidade, destinados a abastecer as tabernas e os restaurantes de Lisboa. Nessa época, era feito vinho de pouca qualidade, proveniente do máximo rendimento das vinhas cultivadas em locais extremamente fertéis. Mas, essa realidade mudou nos últimos 15 anos. Hoje a quantidade de produção baixou bastante – em razão da transferência de muitas vinícolas para áreas com solos mais pobres – o que ocasionou uma significativa melhora na qualidade dos vinhos provenientes do local. Resultado: começou-se a produzir ótimos vinhos do Tejo a preços super competitivos.
Atualmente, um quinto dos vinhos produzidos na região possuem certificação. Sendo 90% IGP Tejo – Indicação Geográfica Protegida (ou vinho regional) e 10% vinhos DOP (Denominação de Origem Protegida). No entanto, uma coisa é certa, após apreciar os vinhos do Tejo é comum chegar à seguinte conclusão: independentemente da designação DOP ou IGP, os vinhos do local apresentam toques de frutas tropicais e ou flores nos brancos e taninos suaves e frutas vermelhas nos tintos jovens. Mas, há quem faça questão da garantia de procedência. Nesse caso, ao comprar o vinho, basta verificar a existência do selo de certificação no contra-rótulo da garrafa.
Degustação – Dos quatro vinhos brancos degustados na noite (Conde Vimioso Colheita 2010, Quinta da Alorna 2012, Terra Silvestre 2012 e Quinta da Lapa branco 2012) foi o Quinta da Alorna o que mais me chamou a atenção: elaborado com as uvas Arinto e Fernão Pires e com 13% de graduação alcoólica, o vinho apresentou-se macio e com bastante volume em boca. Também percebi certa untuosidade, característica que, particularmente, aprecio. No nariz, flores e frutas frescas. Ideal para acompanhar um sashimi, na minha opinião. No Brasil, o vinho é comercializado por R$48.
Dos três tintos apresentados: Conde de Vimioso Reserva 2008, Bridão Reserva 2006 e Terra Silvestre 2010, foi o primeiro que mais me atraiu: no nariz cacau, charuto e bauniha, na boca mostrou-se equilibrado e mesmo sendo 2006, mostrou-se com potencial de envelhecimento para mais uns quatro anos, fato que me chamou a atenção. No Brasil, esse vinho é encontrado por R$150, o que não é barato, mas é justo quando comparado ao preço de vinhos portugueses de guarda tradicionais.
Espero que a Caravana do Tejo, sob o comando de José Santanita, continue percorrendo cada canto do Brasil divulgando os vinhos da região e, que em breve, esses vinhos ganhem o devido reconhecimento também por aqui.
Mais informações sobre a Caravana do Tejo e sobre os vinhos do local podem ser encontradas no site da Winesenses, coordenado por Santanita.