Quem já viu o filme “O Julgamento de Paris” deve imaginar a emoção que senti ao pisar no Chateau Montelena, aqui no Napa Valley, a pouco mais de uma hora e meia de San Francisco (Califórnia), onde vou ficar até junho deste ano para estudar (relembre aqui).
Dá só uma olhadinha na gravação bem curtinha que fiz no meu celular logo na entrada do Chateau e repare como eu estava nervosa (rsrsrsrs)…
Ok, mas fiquei mais emocionada mesmo, quando vi de pertinho (infelizmente só vi, não degustei…rsrsrs) o exemplar do Chardonnay 1973 da vinícola – o mesmo que foi a estrela principal do filme e do concurso em Paris. Nossa! Aí só deu mesmo pra sair na foto e olhe lá…
História – Pois é gente, a história do Chateau Montelena é realmente muito interessante. A vinícola, na verdade, data do século XIX, mas foi restaurada por James Barret e ganhou fama depois de 1976, quando colocou a Califórnia na vanguarda do mundo do vinho e mostrou que países do Novo Mundo eram capazes de produzir vinhos tão bons quanto os feitos na França. Naquele ano, grandes conhecedores de vinho se reuniram para uma degustação promovida por Steven Spurrier no Hotel Intercontinental em Paris, em um evento que ficou conhecido como “O Julgamento de Paris”. Quatro vinhos da Borgonha foram provados contra seis da Califórnia, selecionados pessoalmente por Spurrier em visita às vinícolas da região. Depois de avaliados os vinhos às cegas, o júri especializadíssimo da época teve a certeza de que o vencedor era um vinho francês, mas na realidade quem venceu o concurso foi o Chardonnay 1973 do Chateau Montelena. Esse evento mudou a história do mundo do vinho e foi sintetizado no filme “Bottle Shock”, chamado em português “O Julgamento de Paris”. Quem ainda não viu o filme não pode perder, pois é sensacional! Veja o Thrailler:
Visita – Bom, mas voltando à minha visita ao Chateau Montelena… A vinícola está situada em Calistoga (Área Viticultora Americana – AVA), bem no norte do Napa, ao sopé do monte Santa Helena em uma localização onde há convergência entre as cadeias montanhosas de Vaca e Mayacamas, o que propicia dias quentes com noites frias (boa amplitude térmica) e condições adequadas para a produção de vinhos de excelente qualidade.
Para entrar no Chateau é necessário passar primeiro por um estreito local que dá acesso a um estacionamento para visitantes. Ali perto tem um pequeno lago e uma escada que liga ao Chateau – Na verdade, um edifício construído por Alfred Tubbs (primeiro dono da vinícola) em 1886 reproduzindo os palácios europeus. O local é aberto às visitações de 9h30 às 16h diariamente. Para degustações simples não é necessário agendar e o valor cobrado é de US$25 por pessoa. Para degustações especiais e visitas aos vinhedos é necessário entrar em contato pelo site com antecedência e os preços variam entre US$40 e US$50 por pessoa.
Ao chegar na vinícola, eu e Guilherme (marido e fotógrafo do blog) fomos recebidos pelo especialista em vinhos Sean Rogan e conduzidos para um salão reservado para degustações especiais. O salão, além de elegante, tem uma sacada com uma vista maravilhosa para as belas montanhas Mayacamas e para o pátio da vinícola. Junto conosco participaram da degustação outros dois enófilos de Massachussets. O salão onde realizamos a degustação é especialmente reservado para os convidados e para a realização de degustações vips (como a que fizemos). Também é usada por membros associados para reuniões de uma espécie de clube de vinhos do Chateau.
Degustação – Em princípio foram degustados cinco vinhos: um Riesling (Potter Valley) 2013, um Chardonnay (Napa Valley) 2012, um Cabernet Sauvignon (Calistoga) 2012, Cabernet Sauvignon (Calistoga) 2011, Cabernet Sauvignon (Calistoga) 2007. Mas, Sean, muito simpático, atencioso e prestativo, diante de nossa curiosidade, nos serviu também o Sauvignon Blanc (Napa Valley) 2013 e o Zinfandel (Calistoga) 2012.
Confira as breves anotações da degustação oficial, isto é, do Rieslieng, do Chardonnay e dos três Cabernet Sauvignon:
Riesling 2013 – Muito floral e com toques cítricos. Um pouco de lichia, melão e até banana. Boa acidez e final bem prolongado.
Chardonnay 2012 – O 73 eu não sei (pena…), mas este estava uma delícia (rsrsrs)! Maçã verde, toques cítricos e uma ligeira mineralidade. Um Chardonnay com estilo mais elegante. Boa persistência na boca.
Cabernet Sauvignon 2011 – Muito elegante esse Cabernet. Notas de frutas vermelhas e negras e toques minerais. Taninos finos, apesar de 22 meses em barrica.
Cabernet Sauvignon 2012 – Esse vinho apresentou muito aroma de amora e também umas notas de pimenta, estava bem diferente do anterior. (Na verdade, ele é 88% Cabernet, 10% Merlot e 2% Cabernet Franc). O anterior era 99% Cabernet Sauvignon. Outra diferença é que esse passou apenas 14 meses em barrica).
Cabernet Sauvignon 2007 – O melhor de todos os experimentados na degustação. Potente, rico e, ao mesmo tempo, sedoso na boca. Misto de frutas vermelhas e negras com notas de pimenta. Extremamente persistente. Este estagiou 20 meses em barrica, mas é muito elegante também.
Parceria – Bem, graças a uma parceria com a Smartbuy Wines, que é a importadora do Chateau Montelena e que tem a maior e melhor seleção de vinhos californianos no Brasil, eu tive a oportunidade de participar dessa degustação mais do que especial e inesquecível. (Aproveito para agradecer o apoio da Giselda Badelluci da Smart Buy e ao Patrick Burke (Service Innovations), que intermediou o contato não só com essa vinícola, mas com várias outras que ainda irei visitar por aqui e, claro, relatar tudo aqui no blog pra vocês ;).
Mais fotos e tempo real – Confira mais fotografias do Chateau Montelena no Facebook (clique aqui) e acompanhe todos os meus passeios e degustações na Califórnia em tempo real no instagram do Blog Vinho Tinto.